terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Lua

Trabalho diariamente, horas a fio, sentada a uma secretária em frente a uma janela. Atrás de mim e ao meu lado, há livros, fotocópias, papéis e coisas... mas à minha frente há uma lua nova todas as noites. Durante o dia, vejo os cumes dos pinheiros e ouço o roçar das folhas de eucalipto. Durante a noite, ouço só o silêncio e o compasso da minha respiração à espera da lua. Porque chega. Quase todas as noites, diferente sempre. Hoje, não é tão cheia nem tão clara como a de ontem. Vejo-a, da minha janela, entrecortada por um ramo de pinheiro antigo... Está envolta numa névoa. Mais ou menos como eu. Quase dormente. Há algum tempo aprendi a esperá-la como presença mágica na hora mais mágica dos dias. Foi mais ou menos por alturas de começar a chorar por apreciar as estrelas, por contemplar as montanhas do caminho, por descobrir o alinhamento das videiras. Foi mais ou menos por alturas da descoberta de uma paz gigante encontrada no acto de sentir que o dia já nasceu e eu ainda resisto. Foi mais ou menos por alturas de começar a acreditar que viver pode ser apaziguado nas horas de ver em vez de olhar. Foi mais ou menos por alturas de começar a ser assim e de tentar aprender a fazer disso uma coisa suportável.

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