terça-feira, 30 de junho de 2009

De volta

às noites muito mal dormidas.
E agora que acabei a contestação e tenho tempo para dar dois dedos de poesia com a almofada, não sei exactamente se isso é uma boa notícia.

sábado, 27 de junho de 2009

Sem fim...

Se insistirem

em perguntar-me porquê, vou ter mesmo de lhes dizer que é porque me amo quando estou contigo!

É o amor!

Depois da festa, fui visitar as Tis. As Tis, tal como já contei em tempos, são primas velhotas, na casa dos 80 ou 90 anos. São duas manas. Uma casada com um Ti e outra viúva desde antes de eu nascer. As Tis gostam da minha mãe como de uma filha e de mim como de uma neta. E andavam numa lufa-lufa de telefonemas e recados desde que decidi descer uma escada de cabeça, numa aflição só enquanto não lhes aparecesse para me mirarem. Para as Tis, estou sempre na mesma: branquinha, com ar cansado, meia minguada nas feições, mas linda. As Tis adoram-me. E eu adoro as Tis. A Ti L. tem o filho em França e basta que lá passe uma semana para vir a dizer "ça va!". Foi ama do meu irmão. Dormiu comigo muitas noites em que tive febre. Ensinou-me a dançar a valsa. E ralhou-me alto e bom som quando num baile da terra deixei um colega da escola no meio da roda porque a mãozinha do moço não sossegava na cintura. A Ti C. é mais velha, casada com o Ti V., mais velho ainda. Mas são o espelho do amor. E vê-los é ficar perante a vida toda feita em duas pessoas. Sofreram os horrores de perder os três filhos. E lembro-me bem da quase loucura em que permaneceram quando isso lhes bateu à porta. Porque os pais não devem ver morrer os filhos. Sei de cor as arreliações mútuas que inventam para passar os dias a pensar noutras coisas. Mas o que me ficará para sempre, mesmo quando eles já cá não estiverem, são cenas como a de hoje. Ele a ajudá-la a pôr o lenço e a chegar-lhe o pente, depois de lhe ter tirado uns pelos traiçoeiros que lhe povoavam o buço. E ela, numa voz calma de quem sabe que não vale a pena falar a correr para se dizer tudo bem dito, a acrescentar que o homem é uma fortaleza que até se lembra das horas dos remédios dela. E ambos, depois, genuinamente empenhados em fazer-nos crer que a felicidade está em irem um antes do outro, porque sozinhos isto deve custar muito a levar. É o amor!

Tic-tac

Definitivamente, o tic-tac de que já vos falei anda a bater-me cada vez mais forte.
Hoje foi a festa de final de ano lectivo da escolinha da afilhada minuin. Lá fui, como sempre, qual madrinha capaz de chorar baba e ranho de cada vez que os pequenos mudam de sala na pré. Emociono-me com aquilo. Não sou mãe deles, mas tenho com cada um o desvelo que só os que amam tudo podem e sabem ter. Hoje, a minha minuin recebeu cartola e bengala porque vai para a escola dos crescidos. Tem seis anos. É uma senhora. E lá me correram duas gotas traiçoeiras na parte do ballet e todo um rio quando se atreveu a tocar piano sem contar os tempos (andamos há meses a dizer que no dia de hoje não podia contar os tempos alto porque tinha lá o micro, mas em rigor nunca acreditámos que se safasse tão bem).
E depois, é como já em tempos aqui adiantei. Aquilo é uma casa de gente da minha família do coração. Sou madrinha adoptada de muitos e é sempre com o coração aos pulos que os recebo para me lambuzarem de beijos a cheirar a chupeta. E aquele quentinho de quando fazem birra e só se ficam no colo?!
O mano kiko frequenta a escola de música da dita Instituição e actuou hoje. Também me arrepiei enquanto lhe batiam palmas. E depois, quando se chegou aqui ao ouvido e, homem feito de barba aparada, me soletrou "Achas que correu bem?" e me deu um beijinho ao de leve. Porque os manos mais pequenos, quando são assim tão mais pequenos como o kiko é em relação a mim, são manos e mais qualquer coisa. São sempre pequenos. Cortam-nos os dias piores em fatias quando esfriam as mazelas com beijinhos, abraços e declarações formais de que a sua mana é a melhor do Mundo.
Sabem... e o tic-tac bate cada vez mais forte. Porque aquelas chupetas e aqueles caracóis suados pelas azáfamas e canseiras dos dois ou três anos, mais ou menos como os choros de fome dos que só agora nasceram, fazem-me parar e permanecer. E sentir o bater do tic-tac. Assim... a crescer.

Dumas capas que para aí andam...

Eu tenho tentado manter-me a leste da problemática em questão... mas não dá mais para adiar.
Homens deste país, ouvi-me bem com atenção. Se algum de vós precisar de se chegar à frente com uns trocos que paguem uma playboy portuguesa, não desconsidere esse forte sinal de perturbação e consulte rapidamente o doutor da área de residência, tá?
Explico, muito bem, para os mais, vá, distraídos. Aquilo, até para mim que não sou apreciadora do género, é um bocadinho básico. Sei lá, estão a ver a irreverência, a sensualidade, a sugestão? Conseguem descobrir lá disso? Não! Kikos, nem de binóculos. Porque não está lá. Olha... não está! Eu sei que vos prometem mundos e fundos. Gajas boas, poses eróticas, tudo ao léu. Mas... é engodo. As meninas serviriam bem de modelos de estudo para anatomia. Quem as dera às universidades, com tanta escassez de material. Mas pronto, ficam-se por aí. Podem até ser boas mocinhas, mas aquilo custa-lhes a fazer, quais púdicas, e os sorrisos revelam bem as cólicas por que estão assoladas. Além disso, a sério, pesquisem na net e escusam de comprometer o orçamento. Porque o que fica por ver é nada.
E, não me querendo alongar mais, tenho ainda de dar uma palavrinha sobre a urticária que me andava a fazer este silêncio. Não é por nada. Azar para vocês que só vão poder ir de férias até à praia do Areão porque gastaram as economias em coisas fatelas. Azar. Mas estamos cá para ajudar. Temos de ser uns para os outros. E enquanto gaja aquilo faz-me uma certa impressão. Não vá a malta começar a associar o país àquilo em representação do sexo forte. Nã. Estão a ver? Aquilo colado a Fátima, futebol e fado? Dói! Dá pena. E mais o quê? Ronaldo? Pelas almas.

sexta-feira, 26 de junho de 2009


"Amou
perdeu-se
e morreu amando."

Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição

Dolorosa criatura - a capa

Hoje escolhi a capa. E está tão jolie...

terça-feira, 23 de junho de 2009


À força de tanto querer, é hipócrita acreditar que é verdade querer mesmo não querer. É impossível. Insano. Insensato. Imprevisível. Não é querer. É não saber querer não querer. É treinar isso e perder cada vez que é para ser a sério. É normalizar a respiração depois de ceder. É sentir outra vez terra debaixo dos pés depois de ceder. É ponderar que vai tudo acabar bem, mesmo, só depois de ceder. É remoçar depois de ceder. É amanhecer depois de ceder. É voltar à vida depois de ceder. É ceder a ceder e saber que isso, se não é querer, é, pelo menos, não querer não querer. E que atire a primeira pedra o que, não querendo querer, não tenha cedido e tenha sido mais feliz com isso.

sábado, 20 de junho de 2009

Bem querer

Sem grandes nada além de janelas, ou fissuras de parede que se houvessem assim pensado, lenha e um leque consoante as brisas, escorreita no levante e no aconchego. Madrugadora ou deusa "já vai" sem culpas. Mais desejo de permanecer que esperança de partir. Dormindo sem horas, muito tempo. Comendo fora da mesa. Bebendo pela boca, pelo pescoço e pelo peito e assim até ao umbigo. Daí, pingos apanhados com as costas da mão, aproveitados para assentar o cabelo. Sem pressa ou vagar. Sem ter de falar. Sem nada quando nada apetecesse. E com vozes por perto mal desejadas. Meia dúzia de letras. Uma dúzia de músicas. Sem escolha, aprenderia a amá-las. E tempo. E paz. E sossego. E silêncio.
Se olhasse depois e ainda restasse, nem fúria, nem medo. Marcada certeza, sem tempo.

Dormi mal

Não foi do calor. Nem do frio. Nem tive dores. Nem havia barulho. Nem ouvia melgas. Nem era preciso estudar. Dormi mal porque fechava os olhos e lia, cega pela escuridão do quarto e pelas outras, aquele pedaço de passado que não ficou lá atrás e que espingarda assim: "sem propósito de".

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Não consigo guardar isto mais tempo...


A MINHA P. VAI CASAR :)

British

E acabou o meu British.
E passei ao nível seguinte. Com A.
E já é certo que até Setembro vamos ter de nos encontrar para não definharmos de saudades.
Aquilo não é uma turma. Aquilo é uma ninhada de amigos :)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Logos

Tu, que eu não vejo, e estás ao pé de mim
E, o que é mais, dentro de mim — que me rodeias
Com um nimbo de afectos e de idéias,
Que são o meu princípio, meio e fim...

Que estranho ser és tu (se és ser) que assim
Me arrebatas contigo e me passeias
Em regiões inominadas, cheias
De encanto e de pavor... de não e sim...

És um reflexo apenas da minha alma,
E em vez de te encarar com fronte calma,
Sobresalto-me ao ver-te, e tremo e exoro-te...

Falo-te, calas... calo, e vens atento...
És um pai, um irmão, e é um tormento
Ter-te a meu lado... és um tirano, e adoro-te!

Antero de Quental, in "Sonetos"
Data perfeita. Dia perfeito. Clima perfeito. Flores perfeitas. Cores perfeitas. Corte perfeito. Saltos perfeitos. Rímel perfeito. Baton perfeito. Liga perfeita. Amigos perfeitos. Perfume perfeito. Prato perfeito. Vinho perfeito. Música perfeita. Noite perfeita. Fazem um casamento perfeito. O dia dele. Mas valem quase nada nas negociações com a vida, à procura de ser feliz.
Se houvesse tempo para tornar a dar, começava o jogo agora.

Mas o tempo já me fez dar as cartas. E o jogo já rola. E as cartas estão escritas. E o jogo não volta.

Mas sim, se houvesse tempo para tornar a dar, começava o jogo agora.

E acho que jogava tudo mais ou menos da mesma maneira!

Dolorosa criatura - o livrinho I

E agora as segundas provas é que já cá cantam...

E ontem pude finalmente agradecer tudo ao meu editor (ai que fino, ter um editor!!!) e provar-lhe que no fundo, no fundo, sei ser uma pessoa quase normal.

Novas

Acabei o CAP com 17 valores.

Ontem consegui ir ao teste inglês.

A minha perna parece um balão de tão inchada que está...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Avó

É festa lá na terra da minha avó. Como de costume, a tarde de ontem foi de relatos de muitas memórias. Há duas histórias novas. As duas vezes em que foi parteira dos seus próprios filhos e a vez em que chamou ranhoso a um negociante que disse ao avô que lhe batia se ele pagasse mais pelos animais do que ele estava disposto a pagar.
As expressões que ficaram foram:
bomsos do avental
pedir ao Senhorzinho
dar uma palavra
declinar as cores
depois do bébé vem a segunda
hora pequenina para não empatar quem está

S.

O casamento da minha S. foi... PERFEITO!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

S.

Amanhã é o casamento da minha S. e eu vou...
E ontem foi prova do vestido e eu estive lá. Sentadinha, mas estive.
Ontem voltei ao médico. Diz que tenho de começar a andar. Que sabe que dói, mas que atendendo a que tenho sangue espalhado pela perna toda, é a melhor maneira de o organismo o absorver. E então... desde ontem... dou passos cada vez mais firmes, certa que aquelas facadas especialmente quando me aventuro a acelerar são para meu bem...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

E pronto, acabou-se!

Sabem aquele texto de espanhol que me fez entrar em depressão?! Lembram-se?!
Está acabado e enviado.
Estou há quatro horas seguidas a olhar para o computador, prestes a vomitar o que nem comi, mas ... arrumei com o desgraçado.
Agora quando na próxima RPCC virem a linda obra, não esqueçam o sacrifício da anónima que deu o corpo ao manifesto para aquilo não ter de se ler na língua dos do lado de lá!
Estou um tudo-nada mal, mas tinha de desabafar isto.

Ni

Depois de ontem ter chorado baba e ranho ao telefone com a minha Ni por não poder estar em Bragança, no casamento de sonho dela, hoje recebi o telefonema do dia: a Ni e o C., que são os noivos, ligaram-me à saída da igreja, para dizer que tinha corrido tudo bem, que estavam muito felizes... mas que eu lhes fazia lá muita falta, porque sou uma pessoa muito importante para eles. E eu..., basicamente, senti-me dona do Mundo nesse momento e um bocadinho melhor pessoa do que devo ser na realidade!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Na quarta-feira, por volta das dez da noite, ao sair do meu British, tive uma pequenina tontura e contei os degraus das escadas com a cabeça até bater com a cara em cheio na parede ao fundo. INEM, tinoni, HUC, um bocadinho de baralhação, cabecinha com galo e hematomas e o osso da perna esquerda com não sei quê raspado. Diagnóstico: cansaço, exaustão, uma nova cor de pele, a atirar para uma mescla de preto, roxo e amarelo. Receita: repouso absoluto. Muito choradinho depois, tenho esta fantástica net móvel que me permite dizer que, deitadinha abaixo, mas continuo por cá. Dos casamentos... miragem e amargo travo a nada. Lindos vestidos e sapatos tcharam encostados a um canto enquanto me pavoneio em camisa de dormir. Quando digo pavoneio, leia-se que vou da cama para o sofá, do sofá para a cama, destes para a casa de banho e... fim de viagem! Escrevo para dizer: wait for me! Voltarei. Não sei quando. Não posso abusar disto porque me deixa muito zonza e pisca nas refeições. E como a tralha medicamentosa ataca o estomago, não é bom que fique pisca a comer. E também não tenho grande vontade de me sentir tonta, porque de quedas estou satisfeita. E era isto.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Era um buraco, por favor...

Eu fui comprar presentes de casamento. Entrei na loja onde já entrei muitas vezes, sem desconfiar do que me esperava naquele final de tarde de ontem...
Pois bem... eu entrei e cumprimentei a senhora que por lá dá dicas, como sempre fiz... Só que ontem... não havia mais ninguém na loja, era fim de dia... e a senhora estava com uma certa vontade de conversar. E lá percorremos muitos tópicos, desde a profissão, à crise, passando pelo calor, pelo bom gosto da minha pessoa, pela estranha aura de princesa, pela originalidade do colar, pela vida. Gostei de quase tudo, como sempre... mas fui-me pautando por algum freio consumista porque... não sei se já vos disse... mas... são seis casórios. E... ai que esta era tão gira, mas o preço é proibitivo, olhe que aquela também... tem mesmo a cara da Ni. Que se lixe, pronto, vai essa. Ai que olhe que tenho ali uma que ia adorar. Ora então mostre lá. Ai que linda. Pois, mas isto levava-me à bancarrota. Ai não, nem tinha pensado nisso. Mas estou a gostar tanto de si. Ai que simpática que é. Esta era para a sua lista de casamento. Mas... eu não vou casar. Então que idade tem? Pois... então é mais três anos. Ora, 2 de Junho de 2012. Estou a contar que cá venha fazer lista até essa data. Tenha lá calma. E tem de ser especial, que a menina também é. Posso tratá-la assim, oh Dra? Pode, pode. Pois... Olhe, então e tem desta colecção? Quem lhe ofereceu? Pois... não estou a ver. E... talvez a laranja. Não sei. Também gosto da preta. Espere. E conhece fulano?
E a temperatura a subir, a rapariga a suar, as pernas a tremer.
Não sei. Há tantas Marias na Terra.
Olhe é assim e tal e coisa e filho e irmão e tio e primo e afilhado e não sei quê.
Conheço.
Ah... não me diga.
Pois. Parece que sim.
Olhe lá. Casou?
Que eu saiba, não.
Olhe, R., é que eu estava aqui a olhar para si e a vê-la assim escolher e a simpatizar assim consigo e tenho de lhe dizer: que bem que ficava com fulano.
E eu, ainda em convalescença do episódio da editora, morro pela segunda vez em menos de um mês.
E desato a constatar como tal cor fica melhor nos móveis da Ni e que a parede da sala é em tons de burro quando foge.
E nada.
A senhora da loja onde, é certo, não me importaria de deixar uma lista de casamento, diz-me que eu ficava bem era com... bem... pois... esse.
E quanto mais ela fala, mais eu suo. E já me começo a sentir mal. E ou a senhora pára agora com isso ou eu desato já aqui num pranto. Olhe, se o conseguir convencer fica a saber que eu faço lista da loja toda. E ainda suborno os amigos para fazerem o mesmo. E convido-a e até lhe reservo banco na primeira fila. E se tiver dotes vocais, canta-nos a ALELUIA!
Eu esforcei-me. Juro. Mas a palestra continuou. Sobre as qualidades e o bom gosto e ai não sei que mais e no fim passem cá. E ai que já não o vejo há um tempo. E mande beijinhos.
E, cada vez mais sumida, como que paulatinamente enterrada no chão da loja, eu acenava que sim, sem voz, temendo gritar-lhe "And the winner is... YOU!".
Paguei.
Saí.
Já quase respirava de alívio à saída e ainda há tempo para a cereja no topo do bolo: Porque faz bem por continuar a acreditar em princesas. É uma. Não me esqueço. Não se esqueça também: tem até dia 2 de Junho de 2012.

Acho que encontrei

o vestido ideal para o casamento da minha S.


Mas... temo que a sua aquisição me ponha a pedir esmolas até ao final do mês!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Quase ou ainda

No dia em que deixarem de me doer as tuas dores tanto ou mais que as minhas, então pode ser que esteja quase. Hoje, desculpa, mas ainda me aperta o peito a gigante mão da angústia por também não saber porquê.

June's

"O fundo do coração está mais longe que o fim do Mundo."
Provérbio dinamarquês

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Não deixes nunca


morrer a criança que eu sei que ainda mora aí!

Bordel

Lá na casa de onde eu venho correm bocas muito amargas. Lá na casa de onde eu venho não há espaço sem trapaça. Lá na casa de onde eu venho cantam galos e garnizos. Lá na casa de onde eu venho mora gente quase inerte. E gente que mexe... mal. Lá na casa de onde eu venho cheira a farto e a miséria. Lá na casa de onde eu venho há dias de pouca fé. Lá na casa de onde eu venho há galinhas poedeiras. Parvas, matreiras. Lá na casa de onde eu venho há tescarias de meter tique. Lá na casa de onde eu venho corre fumo muito negro. E habemus papam. Lá na casa de onde eu venho, arre... e nada feito. Lá na casa de onde eu venho há peritos no azar. E especialistas do azarar. Lá na casa de onde eu venho corre pouco quem mais perna leva. Lá na casa de onde eu venho é sentado que se engorda. Lá na casa de onde eu venho escorre pus de feridas fechadas. Lá na casa de onde eu venho fecham-se olhos e portas para se abrirem algumas janelas. Lá na casa de onde eu venho mora a solteirona da culpa. Lá na casa de onde eu venho cai de bêbado o que grita. Lá na casa de onde eu venho não há cama para todos. Arre... Que é... Lá na casa de onde eu venho... que se perde a inocência e se desperta para a guerra. Lá na casa de onde eu venho. Bordel. Lá na casa.
Hoje explicava uma decisão a uma amiga. Uma decisão que eu própria ainda punha em causa. E foi precisamente ao explicar-lhe porquê, que finalmente percebi que a decisão estava certíssima. Como lhe disse, basicamente porque estou cansada de ir para a luta com os punhos quando sei que os outros levam os canhões!