terça-feira, 18 de agosto de 2009

Finalmente uma grande verdade

"1000 euros não é classe média. É miséria."
Professor Doutor Diogo Leite de Campos, in Reportagem SIC "Quem são e como vivem os ricos e os pobres de Portugal", 17 de Agosto de 2009.
P.S. Porque a questão já levantou ondas noutros blogs, convém esclarecer que com isto não me armo em coitadinha, nem maldigo a sorte de ter nascido e trabalhar em Portugal. A frio, o que convém precisar é que não vale a pena virem com argumentos tipo "os nossos pais ganhavam pior" ou "isso é um insulto para quem ganha o ordenado mínimo". Simplesmente, porque eu não sou os nossos pais e também já ganhei o ordenado mínimo. Por isso, sei que, no caso, me dava para pagar o gasóleo e umas bicas. O meu pai costumava brincar a dizer que eu não era remunerada, simplesmente me pagavam os quilómetros. Ou seja, 1000 euros é miséria. Pois é. É para toda a gente, mas, não sejamos hipócritas, é ainda mais para quem estuda desde os 5 anos ininterruptamente. Para quem trabalha desde os 22 anos, condenada que chegue durante 18 meses a um estágio sem remuneração. E também não me venham com teorias ao melhor estilo "larga a Pedra Dura e deixa-te de massagens que vais ver que o dinheiro já te chega, até porque há gente que vive com bem menos"(1). Primeiro, porque se uma pessoa não leva uns gostos desta vida passou por cá como quem nunca se habituou ao sítio. Depois, porque nem assim chegaria. Não é insensato esperar que se possam conhecer novos lugares, provar novos sabores, sentir novas texturas, inspirar outros aromas e decifrar outros idiomas e linguagens. O projecto, o grande, tipo uma casa, não fica adiado por isto. Porque uma coisa não pode ser substituída pelas outras. Por isso, o que importa analisar é se damos de nós mais do que reconhecem que damos. E depois, há o direito à indignação, ora bolas! Portanto, eu não estou a dizer que "ai credo, triste sina". Estou a sublinhar que não há nada de mal em pedir mais porque, efectivamente, não se está a pedir nada que não seja justo. Portanto, eu não me estou a queixar da minha vida. Que vai boa e recomenda-se. Eu estou a dizer que antes rico e com saúde que pobre e carregadinho de doenças. Tá?!

(1) Gastar, muitos meses, quase metado do ordenado em livros também não ajuda. Mas pronto, uma pessoa sempre se arma em inteligente com brincadeiras destas!

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