sábado, 31 de outubro de 2009

Noite de Sonhos Voada




Noite de sonhos voada
cingida por músculos de aço,
profunda distância rouca
da palavra estrangulada
pela boca armodaçada
noutra boca,
ondas do ondear revolto
das ondas do corpo dela
tão dominado e tão solto
tão vencedor, tão vencido
e tão rebelde ao breve espaço
consentido
nesta angústia renovada
de encerrar
fechar
esmagar
o reluzir de uma estrela
num abraço
e a ternura deslumbrada
a doce, funda alegria
noite de sonhos voada
que pelos seus olhos sorria
ao romper de madrugada:
— Ó meu amor, já é dia!...


Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Verdades e assim-assim




"Para a arte de viver, é preciso saber a arte de ouvir, sorrir e ter paciência... sempre."

Hermann Hesse

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Clic off

Não saber olhar nos olhos!

Do que mete medo ao susto - VIII

Que eu enjoo a andar de carro se não for à frente, já toda a gente está a par. Agora, que eu enjoo se não for à frente durante uns míseros 3 quilómetros, até para mim é uma novidade...

Home

Fui ver casa. A coisa está a compor-se para ir viver sozinha outra vez. Comentávamos que sim, está na hora. Entretanto, a minha mãe saca desta pérola: "Mas, por favor, tenta marcar sempre jantar com algum amigo porque, se não, estou a ver-te viver à base de flocos."
Facto um: eu cozinho tão bem como quem não sabe sequer o que isso significa. Se nos doces até sou aventureira e me tenho revelado com algum êxito, no resto o meu maior feito foi descobrir que se descongelar os bifes eles se grelham melhor!
Facto dois: eu sou uma pessoa um bocado amiga do leite com cereal, que sou. E do pão com manteiga, que também sou. Mas eu sei que se comer cenouras fico com os olhos lindos e se comer bróculos e outras coisas verdes fico com a pele melhor... e eu sou uma gaja vaidosa!
Facto três: ou bem que eu pago a renda, ou bem que eu experimento os restaurantes da cidade na companhia dos amigos!
Facto quatro: com um livro de receitas e algumas instruções, eu sou suficientemente esperta para, em pouco tempo, saber de assados no forno e tudo!
P.S. Sim, renda! Não, não se consuma a compra! Pois, a renda vai quase dar ao valor da compra! Tudo certo! Acontece que preciso de um pequeno milagre que me estabilize na minha cidade e me permita arriscar dessa maneira. Todos comigo: "permiti, Senhor, que baixe uma luz sobre a cabeça daquelas alminhas e que uma voz segura os convença que não são muito espertos se não me quiserem para sempre"!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Se este blog fosse um diário

E então perguntaram se queria vê-lo. E eu, ingenuamente, disse que sim. E, quando o vi, caíram-me as lágrimas pela cara abaixo. E depois eu consegui limpá-las com as costas das mãos e pedir desculpa e passar ao ponto seguinte. E elas disseram que apetece a todos levá-lo para casa. E eu sussurrei que não, que não era isso. Mas não disse o que era.
Cheguei há pouco. Tomei um banho tão longo que achei que o que tinha chorado se tinha esgotado na confusão das águas e tinha ido pelo ralo. Mas agora sentei-me para começar a pôr o caso em ordem e tenho de te confessar que sim... que apetece trazê-lo para casa, fazer-lhe uma festinha, dar-lhe um beijo na testa, acender-lhe uma luz de presença e jurar que a partir de agora vai mesmo correr tudo bem...
Querido diário,
o tic-tac de que te tenho falado está cada vez mais forte. Sinto-o como se fosse eu toda a fazê-lo, mas sei que é o meu coração que está a avisar-me dele.
E, querido diário,
hoje, como em outro sítios de que já te falei, tornei de um lugar onde deixei um bocadinho de mim e que me acrescentou uma urgência na alma. Esta, do tic-tac.
Serei eu capaz de o encontrar, de o reconhecer, de o conquistar, de o aconchegar... ao tal?! Não posso sequer ponderar errar a pensá-los, concebê-los e amá-los com alguém que os queira menos que eu...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vou ali a Braga trabalhar dois dias e já volto!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Verdades e assim-assim

Há dias em que parece que está mesmo quase.
Há outros em que me convenço que é mas é quase impossível.

Museu

Fui ao Zoológico de manhã. Estou uma pessoa muito dada à cultura. Parece que daqui a dias vou ao Museu da Ciência. Dizem que sim... Hoje fui ao Zoológico. Sozinha, convicta que era o sítio ideal para travar amizades com muita gente que goste de museus. Enganei-me. Um senhor com uma bata de médico vendeu-me o bilhete, disse que me ia acender as luzes (!!!) e que eu podia ir feliz e contente visitar as seis salas do Museu. No fim, voltava para trás e adeus. Ora, o Zoológico está num edifício que não conhecia, mas que me pareceu ter uns recantos dignos de exploração. Fica em frente ao Chimico, que está um "monumento" tão bonito que já estou a ponderar largar a ideia de casar no Machado de Castro e mudar para lá (Sim... eu acho que era lindo casar no Machado de Castro! Ou melhor, eu acho que era gira uma foto ali nos claustros, com vista para a alta, a baixa e o rio...). O Museu tem seis salas. Demorei uns bons três quartos de hora a vê-lo. Descobri que gosto da imagem dos beija-flor e que há uma ave que se chama águia-gritadeira. Acho mal a águia ser feminina porque, mais uma vez, a histeria fica associada a nós e os homens passam como se não fosse nada com eles... Na quarta sala, há conchas e búzios e coisas dessas. Fiquei a achar que os mais giros são os das Caraíbas e os do Pacífico. Sou uma pessoa de gostos requintados, vá! Na quinta, há ovos e histórias de voos nupciais, mas não estava a passar o filme. Era menina para me emocionar só de ouvir a palavra nupcial e foi melhor assim, tenho a certezinha. Mas, melhor, melhor, foi a música da última sala. Dava para lá ficar sentadinha, ali ao lado do leão (está lá um homem a dizer segredos ao leão...), a ouvir a musiquinha. Que bonito. Podemos apreciar aí a colecção Du Bocage e outras... Não obstante tudo isto, coisas lindas e tal e tal, tiriri, tiriri, aconteceu uma coisa um bocadinho chata. É que eu tenho medo dos sons da terceira sala. Mas medo mesmo, de ver a sala a correr e me virar de susto para mandar calar os bichos. E tremi como varas verdes com os "uuuuu" e fiz uma figura um bocado triste. Até que reparei que aquilo tinha um circuito de vigilância e optei por manter a ignorância quanto àquelas espécies e passar à sala seguinte. Portanto, em suma, eu sou uma pessoa que não pode ir sozinha a Museus com sons de animais de grande porte ou de aves... Sou alguém que, está visto, só vai conseguir ler as informações da sala três do Zoológico se for pela mão de alguém ou com uns phones... Mas não desisti... E aconselho! Com companhia :)

domingo, 25 de outubro de 2009

Já só faltam dois meses para o Natal...


E congeminam as renas sobre os farnéis de cada um. E cheiram a mel e nozes. E ouvem o Velho assobiar.


Daqui: http://icanread.tumblr.com

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
...

Alexandre O'Neill

Viseu

Fui almoçar com os manos e os três kikis minuins. Devia fazer isto mais vezes. Trabalhar desde mais cedo, fazer a viagem, ser tão feliz com aqueles cinco e voltar cheia de tudo quanto é bom: beijinhos e xis-corações, lambuzanços de chupa, declarações de amor do estilo "Kika, e gostas da tia muito ou pouco? Ai... oh pá... ai é tanto :)"...

sábado, 24 de outubro de 2009


Quem é esta mulher,
a sempre triste,
que vive no meu coração?
Quis conquistá-la mas não consegui.

Adornei-a com grinaldas
e cantei em seu louvor...
Por um momento
bailou o sorriso no seu rosto,
mas logo se desvaneceu.

E disse-me cheia de pena:
— A minha alegria não está em ti.

Comprei-lhe argolas preciosas,
abanei-a
com leques recamados de diamantes,
deitei-a em cama de oiro ...
Bateu as pálpebras
como um relâmpago de alegria
que logo se apagou.

E disse-me cheia de pena:
— Não está nessas coisas a minha alegria.

Sentei-a num carro de triunfo,
e passeei-a por toda a terra.
Milhares de corações conquistados
caíram humildes a seus pés,
e as aclamações reboaram pelo céu...
Durante um momento
brilhou o orgulho nos seus olhos,
mas logo se desfez em lágrimas.

E disse cheia de pena:
— Não está na vitória a minha alegria..

Perguntei-lhe:
— Que queres então?
Respondeu-me:
— Espero alguém
que não sei como se chama.
Depois calou-se.

E passa os dias a dizer cheia de pena:
— Quando virá o amado desconhecido?
Quando o conhecerei para sempre?

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

Carol

Conheço-a há algum tempo. Temos amigos em comum. Ela tem catorze anos, menos dois que o meu irmão. No final de Agosto, vi-a e achei que estava demasiado magra e um tanto baça. Disse-me que não, que estava tudo bem, mas que na altura da praia gosta de poder entrar em qualquer biquini. Soube hoje que está internada na ala psiquiátrica da pediatria, à espera de recuperar um bocadinho algumas forças para ser submetida a uma intervenção cirúrgica em que lhe ponham um pacemaker. Tem frequentes crises cardíacas e respiratórias, pela das mãos, dos pés, dos joelhos, dos cotovelos, tem feridas em algumas articulações, fractura-se sempre que arrisca a andar. Tem anorexia nervosa. Tem catorze anos.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

1.ª aula (a sério) de doutoramento

R. é, tirando o professor, a única pessoa portuguesa na sala.

R. é a única pessoa do sexo feminino na sala.

R. é a pessoa mais nova na sala.



Não há-de ser nada!!!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Desafio


Definir, com uma palavra, a ideia que têm da R.

Vale para quem a conhece e para quem nunca a viu.

Vale para quem já aqui comentou alguma coisa e para quem só fez visitas anónimas até agora.



P.S. Isto tem uma justificação. Hoje falei com umas pessoas com quem não falava há muito tempo e que, um belo dia, se lembraram de me definir numa palavra.

Confissões

Eu já não passava sem as previsões mensais do Adrian Duncan!
Também gosto da Vera Xavier, mas ele, ultimamente, anda a dizer coisas tão direitinhas...

P.S. Toda a gente tem um lado mais noveleiro ...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mas o que é isto?!

Estou eu a pedir o meu chá da tarde no bar da faculdade e dou de caras com um panfleto: "Serenata das Latas na Sé Nova".
Sé Nova?! Sé... Nova?! Mas está tudo tolo?! A Serenata faz-se na Sé Velha ou..., quando muito, na Via Latina!!! Na Sé Nova queima-se o grelo e benzem-se as pastas!!! Hello...

Mal posso esperar!!!

Novo 'Magalhães' à venda amanhã

Bruxa

Kiko com nariz em farelo.
Mando-me de umas escadas abaixo e só páro quando atiro com a cabeça contra a parede.
Bombeiros da zona vão em resposta a falso alarme de incêndio e mandam pai e mãe para o Hospital.
Três meses com o carro na oficina.
Dez dias de carro de substituição.
Mil quinhentas e noventa e sete tentativas de mandar os senhores do seguro dos bombeiros à m**** sem parecer um cão com raiva.
Há quinze dias, ir buscar o carro à oficina (a oficial).
Dois dias depois, barulhos estranhos.
Encostar o carro.
Levar o carro para a oficina (eu, que o resto do pessoal cá de casa está disposto a resolver as coisas à pedrada).
Que me vão levar ao trabalho e tal, só tenho mesmo é de esperar um bocadinho mas não é preciso chamar taxi.
Reconhecimento de todas as pequenas aldeias à volta da cidade de Coimbra, porque se tem de deixar toda a gente em casa e só depois é que se levam as pessoas que querem ir para a cidade.
Um dia a dizerem que não ouvem nada.
Ah, não... Afinal esqueceram-se de aparafusar a roda!!!!!
Sair da FDUC e chamar um taxi para ir buscar o carro à oficina.
Esperar meia hora no Largo D. Dinis, à esquina da Medicina, perto das oito da noite, com abordagens um tanto... ousadas.
Ir buscar o carro à oficina.
No sábado passado, ir em viagem e o carro morrer.
Ligar para Assistência em Viagem, enquanto o resto da família reúne as pedras que encontra nas bermas.
Na segunda, ligar para a oficina.
"Só não sei quando é que a coisa se compõe".
Treinar o grito de Tarzan em versão menina e pôr o mecânico a fazer chichi nas calças.
Ontem, ir buscar o carro à oficina.
Parar para pôr gasóleo e ouvir que tenho uma coisa avariada no depósito.
Sacar de um bloco para o efeito e começar a apontar o que ainda não está bem, depois de toda a saga acima.
Precisar de sair, não querer levar o carro "frágil", pegar no meu e andar dois quilómetros.
Ouvir um som estranho.
Sair do carro e perceber que, apesar da miopia e dos conhecimentos perto do nulos sobre mecânica, talvez aquele ferro não devesse estar espetado no meu pneu!!!
Estou capaz de fazer um empréstimo para comprar uma pedreira!!!

Verdades e assim-assim

"A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la."

Bob Marley

terça-feira, 20 de outubro de 2009

E levava-me ao altar #2


Daqui: http://icanread.tumblr.com/
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-as.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa

D.

O D. era meu primo. Tinha os olhos mais bonitos que vi até hoje. Negros, brilhantes, com reflexos do Mundo. Tinha o cabelo muito liso, escorregadio, negro também. O D. tinha uma pele muito branca e muito macia. Umas mãos sempre quentinhas e uns dedos compridos. O D. não falava, não andava, não mexia os braços ou as mãos. O D., às vezes, nem segurava bem a cabeça. Nasceu aparentemente bem. Há registos fotográficos dele com um futuro mais do que promissor à frente. Adorava aviões. Podia ter sido piloto. O D. também podia ter sido poeta. Porque tinha na alma a capacidade inata de falar sem palavras, de se declarar sem verbos. O D. amava com o olhar, com a expressão, com o sorriso. O D., não falando, deixava claro tudo o que o fazia feliz e tudo o que o aborrecia a sério. Teve momentos felizes. O D. cresceu. Mais velho do que eu, aprendeu sozinho que a adolescência lhe ditava regras mais duras de suportar. E que o amor, ali por altura dos dezassete, podia bem ser uma coisa tão séria que não suportasse a morte. Por isso, vi-lhe algum desconforto no olhar quando assisti à sua última crise respiratória. Dei-lhe a mão a tempo de entrar na ambulância. Deixei de lhe fazer festinhas nas pestanas e passei a dar-lhe a mão menos vezes. Já não lhe apanhava tantas flores e empurrava-lhe a cadeira mais devagar no caminho para o mar. Fomo-nos despedindo com calma. O D. teve a mãe coragem ao lado dele. É minha tia. E o pai mais doído do peito. É meu tio. E a família mais incrédula. É a minha. O D. podia ter tido uma vida de sonho. Mas morreu no princípio. E viveu com a alma presa num corpo que nunca lhe obedeceu. O D. era meu primo. Morreu há catorze anos. O D. é o meu anjo-da-guarda, para sempre. Porque o D. estava para ser... e foi, também comigo.

Wishlist para daqui a dois meses

Um livro de poemas.
Uma banda sonora inesquecível.
Um xi apertadinho.
Umas meias de dormir.
Um romance.
Um enfeite.
Um beijo.
Uma flor.
Uma palavra só minha.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Boa acção!

Meti conversa com a colega do lado (eu não controlo, pá!). Descobri que a rapariga é médica. Ficava-me mal dar ao slide a meio da aula. Resisti. Até fui simpática. E no fim ofereci-lhe boleia e tudo.
Mas isto não altera em nada a minha opinião: em princípio, uma pessoa de medicina não pode fazer parte do leque de amizades de uma pessoa de direito! Abro excepções para o A., porque morei com ele e sei que é bom moço, que até já foi bombeiro e tudo. E para a A., porque a conheço desde que nasceu e o pai é de direito e não a há-de deixar desviar-se do caminho :) E para a outra A., porque me adora e faz questão de mo provar. E para o F., porque salvou o meu pai. E para o meu dentista, o meu oftalmologista, a minha ginecologista, a minha dermatologista e a minha cardiologista. E pronto... para o meu pediatra de bebé também. Mas mais ninguém. Por enquanto!

British

Ponderar baldar-me a uma aula é a prova provada que esta turma não me anima nem um bocadinho! Pois que a ninhada de gente que por lá andou no ano passado desapareceu por mil razões. E sobro eu e o C. e o Z. e o F. E as aquisições, em geral, são um bocado coimbrinhas. E aquilo dá-me nos nervos. O Mike está na sala ao lado e agora temos de gramar com a mulher dele, que não tem um décimo da piada. Mas o pior, o pior mesmo, é que a sala é de mesas individuais... e toda a gente sabe que eu gosto é de colegas de carteira para pôr a conversa em dia. E há mais meninas, mas não as vejo com grande alma de se chegarem à frente para uma jantarada. Vou investir mais um bocadinho... soltar charme mais umas semanas, mas se a coisa não melhorar sou gaja para começar a ir só por penitência! Ai, British... quem te viu e quem te vê!!!

Ora então... parece que vou mesmo :)


La Traviata
Ópera em três actos

Música: GIUSEPPE VERDI

Libreto: FRANCESCO MARIA PIAVE SOBRE "LA DAME AUX CAMÉLIAS" DE A. DUMAS FILHO

Produção: CLASSIC STAGE


A Ópera Nacional da Moldávia apresenta-se em Portugal com a ópera “La Traviata” de Giuseppe Verdi, conduzida pelo Italiano Maestro Giovan Batista D'asta.
Um romance trágico contado em três actos que narra a história de Violeta, cobiçada cortesã Parisiense, e do seu amor impossível pelo jovem Alfredo Germont. A intensidade da narrativa e a sua densidade sentimental constituem um marco, sendo esta a grande ópera de Verdi. Um espectáculo memorável, apresentado por uma companhia internacional, recheada de grandes nomes da ópera clássica, que interpretam uma história de “Amor e Morte”.

Sorri!


Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz


Charles Chaplin

domingo, 18 de outubro de 2009

Tempo real

Estes ídolos dão cabo de mim... Até já me dói a barriga de tanto rir...

Layout

Problemático, o outro. Deu-lhe para me chatear quando me afeiçoava mais a ele. Tino à parte, atirou-me com os seguidores e a minha foto em coroa para os fundos da memória da página. Reles, atirei-lhe brava. Teimosinhos, entrámos em guerra de tira e põe, mas o asno venceu. Convencido do superior domínio das artes da informática, pôs-me os seguidores com as caras em quadradinhos. Pulha. Fica sabendo que tu, tu és substituível! Que não és gente, oh simpático! Que ai não, que me ponho fino em menos de nada. Olha para mim já a acertar-te com as cores e as linhas. Tarde piaste, meu menino! Não estou apaixonada por ti, que não estou. Não me passa pela cabeça vir a amar-te. Duravas-me um Outono e rifava-te. Por isso, vai e não voltes! Que não. Olha eu tão direitinho. Nem te atrevas. Quero amarelo. Como a fome. De coisas que não me dás. Não és gente, tu, oh piroso armado em maniento!

Meus pequenos humoristas

Digamos que há dias em que era tipa para os correr à lambada. Hoje, por exemplo.

"O bem mais protegido durante o casamento é o amor."
"O bem mais protegido durante o casamento são os filhos."
"O bem mais protegido durante o casamento é o dever de se socorrerem."

Juro que se os tivesse aqui à frente lhes batia!!!

Síntese?

Por favor, não me analise,
não fique procurando
cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise
profunda, quanto mais eu!
Ciumenta, exigente, insegura, carente,
toda cheia de marcas que a vida deixou:
veja em cada exigência
um grito de carência,
um pedido de amor!

Amor, amor é síntese,
uma integração de dados:
não há que tirar nem pôr.
Não me corte em fatias,
(ninguém abraça um pedaço),
me envolva todo em seus braços
e eu serei perfeita, amor!

Mirtes Mathias, in "Bom dia amor!", 1990

Welcome weather

das maçãs bravo de esmolfe.
das mantinhas nos joelhos.
dos chás quentinhos.
dos crepes com chocolate.
das castanhas assadas.
das provas de jeropiga.
das pinhas e agulhas.
do aquecedor aos pés.

sábado, 17 de outubro de 2009

Verdades e assim-assim


"Os nossos amigos poderão não saber muitas coisas, mas sabem sempre o que fariam no nosso lugar."

Millôr Fernandes


P.S. Estreei-os há dois anos!

Soneto de Mal Amar

Invento-te recordo-te distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.

A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciúme atormentada
a provar-me que ainda não estou morto.

E as coisas que eu não disse? Que não digo:
Meu terraço de ausência meu castigo
meu pântano de rosas afogadas.

Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternura levedadas.

Ary dos Santos, in 'O Sangue das Palavras'

Nexo

Inválida, a criada de servir, manietada, soou em gargalhada de. Que se matem. Sem sangue.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Clic off

Meias brancas!

O tal

O meu caderno é lindo. Azul turquesa com magnólias brancas. E tem estes dois poemas de dedicatória.

Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill


Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade…
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.

William Shakespeare

É perfeito! E é meu!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Nem a avestruz!

Enquanto lanchava, ouvia na televisão um entendido em avestruzes (tipo, zoólogo só delas). Estou a sentir-me muito mais sabedora de avestruzes depois disto. Há coisas curiosas na avestruz. Aprendam comigo:
- A avestruz é a maior ave do Mundo;
- A avestruz corre até 80 km/h;
- A avestruz põe o maior ovo (são precisos cerca de 13 de galinha para fazer o peso de um ovo de avestruz);
- A avestruz tem dois dedos em cada pata;
- A avestruz tem o cérebro mais pequeno que um dos seus olhos;
- A avestruz tem penas mas não voa;
e
...
...
...
- A avestruz NÃO enterra a cabeça na areia!!!

OH PÁ...

A minha P. e a minha C. vão oferecer-me um caderno!
Amanhã, antes da primeira aula!
Com dedicatória e tudo!!!

O quê?!

Começo amanhã as minhas aulas de doutoramento. Sou a pessoa mais apaixonada por material escolar que eu conheço. Namorei cadernos/blocos Paper Blanks até ficar indecisa se optava por um mais sóbrio ou por um daqueles, mais lindos de todos, em tons de rosa e vermelho e laranja. Vim pensar. Já tinha decidido que é preciso é alegria e cor nesta vida! Mas amanhã começa o doutoramento e eu nunca mais me lembrei que tinha de comprar o meu caderno especialíssimo, pensadíssimo, companheiro para esta jornada. Vou levar umas folhas pautadas ou um bloco normal, mas não me conformo. Primeiro dia, apresentações, e o meu caderno não vai estar presente. Isto é mais ou menos sintoma de como as minhas prioridades se alteraram estes dias... muito mau sintoma!P.S. Sim, eu tenho cadernos que parecem obras de arte e anoto lá a minha vida toda. Um por cada tema.

...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Como se

ao deitar-me cedo acreditasse de algum modo que o meu mal podia bem ser sono!
Recuso-me a postar aqui o vídeo da Maitê Proença a cuspir nos Jerónimos e a dizer que em Portugal os rios também vão dar ao mar e que o Vasco da Gama fica muito bem mortinho e o Camões se deu mal no túmulo e que somos um pouco esquisitos, porque sou uma pessoa suficientemente medricas para ter um post com o nome "Calem-me esta anormal".
...
Entretanto, porque tenho muita afeição pela língua italiana, deixo-lhe aqui um pequeno piropo nessa bela língua latina. "Sei veramente troia, Maitê". Vivi durante seis meses em Itália e a melhor descrição que conseguiram fazer-me do significado do vocábulo "troia" foi "m**** compacta". Por unanimidade.

Seca-te

Flor do vento

É do cair da folha. Adoeceu.
Dá-lhe chá e um cobertor.
Não o visites. Melhor que não.
Era um princípio.
Não. Não vires costas.
Deixa-o ganhar corpo.
Já lhe passa.
Não o visites.
Tens tempo no seu meio ou fim.
É um princípio.
Nasceu pequeno.
Não o visitem.
Rezem por ele.
E esperem.
Vai ter meio e fim.
Vai.
Seca-te.
Vai.
Vais ver que vai.
Seca-te.
Vai.

Iliteracia


Daqui: http://icanread.tumblr.com

Desencontro



Só quem procura sabe como há dias
de imensa paz deserta; pelas ruas
a luz perpassa dividida em duas:
a luz que pousa nas paredes frias,
outra que oscila desenhando estrias
nos corpos ascendentes como luas
suspensas, vagas, deslizantes, nuas,
alheias, recortadas e sombrias.

E nada coexiste. Nenhum gesto
a um gesto corresponde; olhar nenhum
perfura a placidez, como de incesto,

de procurar em vão; em vão desponta
a solidão sem fim, sem nome algum -
- que mesmo o que se encontra não se encontra.

Jorge de Sena, in 'Post-Scriptum'

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mai nada!!!

Verdades e assim-assim

Quando uma mulher pinta as unhas de vermelho, das duas uma: ou precisa de recuperar a esperança perdida; ou tem mais esperança do que alguma vez teve!
P.S. Eu, às vezes, também pinto só mesmo porque gosto :)

Embora me apetecesse postar outro...

Daqui: http://icanread.tumblr.com

Fátima Felgueiras,

adeus, ó vai-te embora!

domingo, 11 de outubro de 2009

Boas escolhas

Quando se pensa que a Playboy perdeu o seu juizinho de vez e os homens do Mundo vão começar a acreditar que é maledicência nossa dizer que aquilo é tudo photoshop, há uma novidade que nos acalma. Numa de apelar à normalidade e, com ela, à perfeição possível, a Playboy anuncia Marge Simpson na sua próxima capa!


Um país à beira de um ataque de nervos!

Numa freguesia deste país,
hoje,
houve um candidato da
oposição a
matar a tiro o
marido da candidata do
partido no poder.
Eu não acho isto normal!
Tratem-se, por favor!

Portugal no Mundial

Meus kikos dos calções,
às vezes, confesso, tenho ganas de vos bater. Muito. Com força. E pondero arredar pé do meu sofá para vos beliscar a ver se acordam. Não duvidem que se fosse da comitiva ou lá tivesse uma cunha vos dava chá de sumiço depois de algumas gracinhas com que nos têm brindado. Acontece que V.ªs Ex.ªs sequer se dignam retratar perante o anónimo que sofre, roi unhas e faz orações para que acertem naquela parte que tem uma rede. Não tem nada que enganar. É para ali, estão a ver?!
Ronaldo, esta parte é só para ti! Vê bem ao trabalho que eu me dou. Motivo-te em pessoa, no blog mais espectacular de Portugal e arredores. Mas tu, o que é que tu fazes? Baldas-te para mim. Passeias o corpinho em vez de o fazeres suar. Sei que a bola não é uma miúda, mas imagina-a como uma tipa que te apeteça levar até casa e mostrar a mamãe. Sabes que te tenho insultado mais um bocadinho desde que decidiste que havias de fazer um bom trabalho era para os espanhóis. O meu mano já me explicou que não jogas para nos por no Mundial para não te cansares para os jogos dos hermanos, que são, afinal, eles que te pagam. Eu não quero acreditar que seja isto. É o meu mano que diz. Eu não posso crer que tu dás mais valor ao dinheiro que às nossas arritmias cardíacas. Por isso, joga, que não te faz mal nenhum, sim?!
Mas... depois, vem uma noite como a de ontem. Vocês acordam para a vida e dão corda às sapatilhas. Baixa em cada um o Eusopes, uma mistura de Eusébio e Carlos Lopes..., e eu volto a achar que merecem mais uma oportunidade, fofinhos :)
Parabéns, sim?!

P.

Há quem tenha um blog... e tu também podias ter um. Ai não... Sou uma infoexcluída. Há tanto tempo que não ando de avião. Não conheço a Madeira e foi o único sítio para onde o meu pai voou e em que a minha mãe viveu fora de aqui pertinho. Uma aula. Sim... Funchal. Um amigo para sempre. De Dr. ou Meretíssimo a Paulo. Que tem um blog. De Magnólia. Um domingo em registos e meses só a experimentar este mundo. Até me fazer cada vez mais sentido ter um espaço assim. Meu. Mensagem privilegiada ao P., com todas as recomendações de secretismo. Em pouco mais que pouco, anúncio vibrante de que a Ritinha por lá passara. Ombro amigo num mundo virtual. Companheiro de gostos festivaleiros. Acalentou-me a esperança de conhecer pessoas que de outro modo dificilmente encontraria. Como quando jantei com a sua C. e o Gui. Como quando a Eu e a C (EN) passaram a visitar-me... É um Harry Potter de pequenos seres com grandes causas, esses maiores de todos que são as crianças. Verte num blog uma ínfima parte do quanto é especial. Chama-se Paulo. É muito responsável por eu ter um blog e hoje anunciou uma profecia no seu http://www.magnoliaviva.blogspot.com/
(...)
Porque começo a convencer-me que há muitas maneiras de encontrar a felicidade :)

sábado, 10 de outubro de 2009

Ideal

Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas languidas, divinas
Da antiga Vénus de cintura estreita...

Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortaes entre ruinas,
Nem a Amazona, que se agarra às crinas
D'um corcel e combate satisfeita...

A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...

É como uma miragem, que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo...

Antero de Quental, in "Sonetos"

Sim


eu tenho um luxo!
Porque me porto bem, faço o que os meus chefes pedem sem reclamar (muito), ajudo até pessoas que me chagam a cabecinha e que são uma penitência no meu caminho, não armo escândalo quando me dizem "não" se mo explicarem bem explicadinho, deixo entrar pelo menos um carro na fila quando venho na Sofia e eles vêm da rua em frente ao Arnado, paro nas passadeiras e, se forem idosos ou crianças, também paro fora das passadeiras, estive a fazer um resumo dos Maias ao meu irmão e não me meto na droga e no álcool. Por isso, eu mereço ter um luxo. Está marcada a deste mês :)

Frases da noite

R.: E, então, achas que já estou apaixonável?
P.: Digamos que... a tua curiosidade já consegue ser acicatada!

Verdades e assim-assim


Daqui: http://icanread.tumblr.com/



Há uma semana encerrei a discussão de Velhos do Restelo com a, para mim esperança, para eles inocência, de uma mulher com vontade de viver a vida apaixonada. Rezei assim "Eu acredito mesmo no casamento. Mesmo. Vivido eternamente como um namoro e mais qualquer coisa. Especificarei este sonho em convenção antenupcial e acrescentarei que o seu incumprimento dará lugar a coima. Essas, porém, podem ser-me pagas em géneros: beijos, abraços, mimos e coisas assim." Tenho dito!


Acredito mesmo. Sobretudo, na felicidade de não estremecer com medo de perder ou falhar. Sobretudo, quando ele exista para coroar o que existe e não para segurar o que nunca nos pertenceu. Sobretudo, quando não faça sentido de outra maneira. Sobretudo, quando não restarem dúvidas, naquele momento, no fundo do peito, que é para sempre.



P.S. Ontem vi um casal de velhotes a passear de mão dada na Praça da República. Controlei-me, mas cheguei ao D. Dinis e já parecia uma Madalena!

Obama

Estamos a confiar-te uma esperança.
Não te faças descaradamente a ela
para depois a largares
perdida para sempre.
Tu, vê lá...
É quase o Mundo de presente.
Confio em ti.
Por favor, não me desiludas!

Ontem à noite

Palestra à volta da cidadania e jantar institucional na Baixa.
Restaurante catita, suspiros pelos restauros das casas da Praça Velha, jantar com ensaboadela de história desde 1900 e troca o passo porque logo de frente para alguém que comemora este ano 60 anos de entrada na Faculdade... Já perto do fim... Sony! Para quem não sabe (ou seja, para quem não conhece os meandros da noite coimbrã), o Sony é um quéfrôr dos que entram em restaurantes à espera de caçar quem lhes pague a peso de ouro pirosas rosas vermelhas... A autoridade máxima do jantar, verdadeiro gentleman, diz ao Sony para dar uma rosa vermelha a cada uma das senhoras da mesa. O Sony conhece-me, porque eu ajudei a tratar da legalização do Sony num jantar no Cova Funda (os jantares de curso também têm uma vertente humanitária para algumas pessoas, não se bastando com provas atípicas de vinhos reles). Ora, o Sony não me viu bem, graças a Deus... e eu também não o chamei a atenção, que tenho um certo amor à minha reputação! Chegada a flor junto das minhas delicadas narinhas, toda eu tremi e não foi de emoção. A custo, suportei-a pousada longe, até ao momento crucial de pagar a conta e dar de frosques. A minha P. bem sabe que ainda ponderei atirar a flor no primeiro lixo que aparecesse, mas tive algumas cautelas, não fosse ferir susceptibilidades... e foi o caixote do parque do mercado a receber a encomenda. Insensível, pensam vocês neste momento. Gaja sem coração. Pedante do mais reles que a tradição já suportou. Ora bem... juízo absolutamente precipitado. A verdade é que o Sony faz questão de perfumar as suas rosas com Tabu. Tabu é cheiro que me atormenta e faz vir ao de cima o pior desta R. mais kika do Mundo. Pequena jovem ladina, eu tinha uma colega que usava Tabu, logo ali na época em que eu me borrifava apenas com duas gotas de Eau de Parfum da Don Algodon, ou seja, pela altura da pré adolescência. Esta minha colega tinha Educação Física comigo e eu cheguei a inventar dores de todos os órgãos presentes no corpo humano para não ter de suportar o momento em que ela se pulverizava nos balneários. Portanto, Tabu é um trauma de infância. Não fora isso e hoje teria a rosa de ontem instalada em qualquer solitário cá de casa.
Homem da minha vida, que já hás-de ter nascido, mau grado não me teres ainda encontrado e daí em diante vivido finalmente a sério: se um dia quiseres dar-me uma rosa, quiçá numa noite de Latada ou Queima, não a compres ao Sony. Apanha-a num jardim, correndo o risco por mim, e entrega-ma ainda com uma gota de orvalho. Prometo amá-la apesar de tudo. Se ainda assim te parecer que a minha cara denota algum desconforto perante a tua opção, não me deixes verbalizar que preferia uma túlipa e trava-me os intentos com um beijo que me cale vontades diferentes de te dizer que te amo e ponto final. Anotaste tudo? Obrigada!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Uma questão de meios e de fins :)

Daqui: http://icanread.tumblr.com/

Wishlist cultural

Um passeio no Botânico.
Uma visita ao Machado de Castro.
Um café em Santa Clara-a-Velha.
Um concerto na Joanina.

Para outro dia, rota dos Museus, incluindo o de Zoologia e o Antropológico.

Despentear é urgente


Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie.
Por isso, decidi aproveitar a vida com mais intensidade…
O mundo é louco, definitivamente louco…
O que é gostoso, engorda.
O que é lindo, custa caro.
O sol que ilumina o teu rosto, enruga.
E o que é realmente bom nessa vida, despenteia…
- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar a pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa ideia colocar aqueles saltos gigantes nessa noite, deixa seu cabelo irreconhecível…
Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado… mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.
É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa do que aquela que decide não subir
Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável, toda arrumada por dentro e por fora... O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença: arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria… e talvez devesse seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenho que me sentir bonita? A pessoa mais bonita que posso ser!
O único que realmente importa é que, ao me olhar no espelho, vejo a mulher que devo ser. Por isso, minha recomendação a todas as mulheres: entregue-se, coma coisas gostosas, beije, abrace, dance, apaixone-se, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, corra, voe, cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável, admire a paisagem, aproveite, e, acima de tudo, deixe a vida te despentear!!!!

O pior que pode acontecer é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo...


Autor desconhecido (pelo menos para mim e para o CPS).

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Avó

Um blog também serve para ir dando conta da vida aos amigos... que sabem do blog. Antes de ter o poraquipasseieu, enviava, de tempos a tempos, mails aos amigos. Mails gerais, como se os convidasse para um chá ao final da tarde e desbobinasse as novidades. Este foi dos últimos mails que enviei, ainda antes do primeiro blog. Fala da minha avó Rosa. E está na altura de ficar aqui.
"Kikas e kikos da minha vida!

Cheguei de férias...
Atraquei em poiso conhecido no fim da quinta feira passada, depois de seis dias de sonos que romperam as manhãs, sestas e pequeninas passagens pelas brasas a qualquer hora e em qualquer lado...
Desse estado Zen saí apenas por uma noite, deliciosamente raptada pelos manos... que me devolveram umas horas à agitação de... ups... de um recanto ali ao lado...
Do meu sítio, perdido na Serra de Montemuro, trouxe ar, um cheiro a rosas que ainda se soltou dos poros durante uns dias e alguma serenidade...
Depois desse tempo, outro, em que durante um fim de semana me senti em casa, pertença... Ouço as histórias da minha avó sempre com muita atenção. Às vezes são repetidas, mas tenho medo de alguma vez não ter ouvido tudo, ou não ter ouvido bem... e acho-as tão preciosas que não podem perder-se por distracções balofas.
O casamento da tia mais nova foi de rir... e de chorar....
À despedida de solteira levámos a avó... Adorou e achou tudo muito decente... Já o avô... que acompanhou os rapazes... deve ter deitado as mãos à cabeça algumas vezes.... mas sempre que lhe perguntamos 'então que tal?'... ele responde 'oh... deixem lá isso'. Tentei acalmar a avó... até lhe disse que a parte masculina da família não faria nada de escandaloso porque o avô ia estar presente... Mas a avó encerrava as minhas tentativas com um suspiro e um conformado 'Oh R***inha, então não vês que o avô adormece logo e depois eles fazem o que quiserem?!' Foi de rir...
No dia... cumpriu-se a tradição... dos 12 filhos, faltava cortejo matrimonial de um... e então lá seguiu a malta toda a pé, desde casa dos avós até à igreja. Até o avô... 88 anos de vontade lá se encarregaram de o fazer chegar... de careca escaldada e aflito dos calos... Mas chegou (tão estafado que dormiu entre os pratos do almoço... mas enfim :)!
A noiva foi afónica e na hora de dizer 'sim' só o sussurrou. O padre é amigo lá de casa e aproveitou a deixa, repetindo com alguma insistência... 'Então mas queres ou não queres?'. A desgraçada da tia lá ia sussurrando que sim cada vez com uma voz mais e mais sumida... e o novo elemento da família deixou de achar graça à brincadeira ao ponto de dizer... 'Ela quer, a sério que quer, só que não consegue dizer...' E foi de rir...
Fotos de tudo, de família completa, de irmãos, de irmãs, de sobrinhos, de sobrinhas... enfim... Em cada uma a tia madrinha da noiva dizia: 'Sorrisos, oh canalha.... sorrisos'. E canalha éramos nós... gente feita, sobrinhos mais velhos que a tia que casava, mas que até para ela são meninos e meninas.
A festa durou... e durou... e durou, com bailarico animado até às tantas.
Amadurecia já a tarde de domingo quando à volta da mesa em casa dos avós se reuniu 'só a maltinha da casa'. Ora só a maltinha da casa, nas palavras da minha avó,.... são neste momento 55 pessoas, já com o novo tio...
E por lá andou a maltinha toda, a ocupar a estrada de cada vez que em rancho decide ir à bica, a usurpar os matrecos de cada vez que aos pares nos aliamos para torneios...
A maltinha ficou depois até ao nascer do outro dia, que era também da outra semana, sentada à volta da avó, a ouvir... A ouvir que ela reza sempre por ordem de idades dos filhos, menos o segundo, que ultrapassa o primeiro, porque a Rainha Santa Isabel lhe fez um milagre e o livrou de ir à guerra... E é por isso que à noite nos encomenda... aos 55, àquela Santinha (e a mais umas 30)...
A avó, para quem não a conhece, é a matriarca em pessoa. Curvada pelos anos e pelos trabalhos, a avó não pára. A avó coze broa espalmada, com fiambre e queijo lá dentro, porque sabe que os meninos gostam... e depois pede ao avô que vá ao super buscar daquelas garrafas que já têm o chocolate misturado porque os meninos gostam (é UCAL). A avó diz que nunca bateu nos filhos porque não conseguia parar de rir quando eles se punham todos a correr, um por cada banda, com as pernitas dentro dos calções... Era um rancho que a acalmava das piores fúrias... A avó diz que a mãe dela lhe dizia que assim ela não dava educação aos filhos... Mas a avó diz às netas, a olhar-lhes para dentro da alma, que a educação não se dá com as mãos, dá-se com o coração.
A minha avó diz que não tem nenhuma filha tão parecida com ela como a neta que vos escreve agora. Mas eu acho que é só por fora. Por dentro, a minha avó é insuperável. A minha avó fala dos filhos e diz que eles estão lindos como anjos, mesmo quando sabe que eles não são anjos. A minha avó suportou com um sorriso tudo, tudo o que a vida lhe deu... E a vida já lhe deu muitas coisas más. A minha avó tem uma casa pequena e consegue que caiba lá a maltinha toda, porque a minha avó é grande. A minha avó é a maior. E eu tenho pena se um dia a minha avó se for embora, porque eu acho que ela gosta de estar cá.
A minha avó diz que ter o rancho assim todo ali aos pés é tão lindo como estar no céu, pelo menos segundo o que ela acha que é o céu.
A minha avó teve muitas profissões, que foram ser mãe e avó e bisavó e mulher do meu avô. A minha avó chegou ao topo da carreira em todas elas. E é quando eu olho para a minha avó que eu percebo o que é indispensável. E que ser feliz não é mais que isso: acreditar, com todas as forças, na doçura e na serenidade que tivermos no coração.

Li, no único livro que (re)li estas férias, e que é o título dele, que 'os amantes prendem nos braços tudo o que lhes dói'. Acho que é por isso que há momentos e pessoas que me esforço por manter juntinho, aqui pertinho, dentro do coração, mesmo que me doa. Só porque os amo! E já não é pouco!

Vou trabalhar. Boas férias!
R*"
(13 de Agosto de 2008)
Comecei uma experiência profissional que me transformará necessariamente. Depois de três anos a ouvir falar deles, hoje vi-os. Vi-lhes as caras. Senti-lhes o cheiro. Ouvi-os sorrir. Foram abusados, maltratados e expropriados do cor de rosa da infância, mas sorriem. O cor de rosa é um direito inalienável no ser pequeno. Temos a vida toda, daí em diante, para decifrar as outras cores. Hoje, espreitei-lhes os quartos, as camas, as mochilas da escola. Hoje, senti outra vez o tic-tac. A C. e a P. sabem bem de como às vezes me canso, me saturo e maldigo a minha sina, mas passa-me. Não poderia fazer mais nada neste momento da minha vida. Não há doutoramento, não há ordenado, não há estatuto social que me alicie mais que isto. Faço exactamente o que quero. Tento perceber o que leva alguém a dizer "Cansei-me deste filho e já não o quero". Trato dos que saíram da barriga e dos que saíram da cabeça. Sim, porque estes não podem ter saído do coração. Às vezes, depois de uma manhã como a de hoje, olho para quem está com eles sempre e concluo o nosso encontro com um seco "E o que é que falhou?". Têm-me dito "A Dra. R. é ainda muito jovem. Provavelmente ainda não foi mãe. Mas o que falhou foi o coração." Tenho respondido "Sim, sou jovem. Não, ainda não fui mãe. Sim, percebi perfeitamente." Falhar o coração é conseguir medir o amor. Quando as palavras todas chegam para definir um sentimento, ele já não é inteiro. E este amor, quer-me parecer, não deve poder explicar-se. Uma jurista não pode fazer relatórios em que conclua que o que falhou foi o coração. Por isso é que, nestas coisas, não nos vale de nada ser muito mais do que pessoas... com um coração a que não apeteça falhar!

Piadas

R. Então, ouvi no outro dia que és de A. Olha, eu também sou. Se calhar até andámos juntos no liceu.

F. Ah, não... Impossível. És bué mais nova que eu.

R. Que idade tens?

F. 28.


Ok... eu tenho de me convencer que estou bem conservada :)

De como eu posso ser bem pior do que imaginam

Ontem
R. atrasada para o seu British. Telemóvel da R. a vibrar e R. a tentar caçá-lo na carteira como se fosse para tirar o pai da forca. R. atende e do outro lado "Estou sim, daqui fala o C., da Zon TVCabo". R., calmamente, "Estou sim, muito boa noite. Antes que gaste o seu latim inutilmente, digo-lhe desde já que não, não quero mudar novamente para a TVCabo e que onde eu não chegar mando recado de que os vossos serviços só não são péssimos porque não chegam a ter categoria para ser sequer classificados." C. despede-se com "Concerteza."
Hoje
R. a entrar em casa a morrer de fome para almoçar. Telefone a tocar desde quando vinha na escada. R. atende e do outro lado "Estou sim, daqui fala o C., da Zon TVCabo". R., calmamente, "Viva C., está bom desde ontem? Olhe, para que não gaste mais tempo noutros dias a ligar para mim, anote por favor que R. não mudará novamente para a TVCabo enquanto lhe restar alguma sanidade mental. Sou servida pelos HUC. Vá ligando a pedir informações. Obrigada e bom trabalho, sim?!". E desliguei, mesmo sem esperar o "Concerteza".

Coisas

E, ao chegar a casa, que(m) me espera?! Hã... Pensem lá bem...
Mais uma multa de excesso de velocidade...
O dinheiro das multas custa-me muito a dar, principalmente quando penso que chegava para mais um par de sapatos :)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Quem tem

amigos:
- Não morre de fome na cadeia;
- Não é abandonado no hospital;
- Consegue inscrever-se no doutoramento :)
Vou tentar novamente a inscrição no doutoramento. Estou para sair. Conto com a vossa oração...

Museu

Sou só eu que acho assassinas as letras que compõem a palavra MUSEU à entrada do Machado de Castro depois das obras?! Ainda de manhã lá passei e sempre que isso acontece imagino caloiros entalados nos U e pessoas sentadas no M e ginastas a treinarem no S... Aquilo é perigoso!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Humm...

E depois de uma tarde a escrever sobre temas pesados, dedicar-te-ás umas horas a fazer marmelada e doce de abóbora. A tua avó também te mandou nozes, mas fica para outro dia o bolo. Compôs-se-te o Outono quando, no fim, ainda abriste uma romã e a comeste devagarinho.

Ser ou não ser...

Está uma chuva inquieta a cair lá fora. Estou de manga curta mas já fui calçar umas meias de algodão. Na casa mora o silêncio. Estou sozinha. Tenho a música ligada baixinho e estou a escrever um artiguinho. O que eu gosto de trabalhar assim... Se tivesse vivido há uns séculos atrás teria, provavelmente, sido feliz como mamã e mulher de meu marido, gastando as horas sobrantes a ler ou coisa assim. Digo sempre que isto de uma gaja se querer afirmar não dá com nada. Mas depois chegam estes dias e percebo que lá no futuro não seria mais feliz se fosse só mamã e mulher de meu marido. Preciso de ler romances e poesia, mas gosto muito de escrever sobre o que penso. E gosto de trabalhar. E não digo que não a um elogio profissional. E não me desagrada pensar em fazer carreira. Postas as coisas numa balança, que se me conserve sempre a predilecção por ser mamã e mulher de meu marido, filha de meus pais, amiga de meus amigos e pessoa em paz comigo... Mas enquanto nada disto comprometer o plano de ser inteira no resto, faz-me bem ser mais uma a lutar por um lugar noutros sítios!

Verdades e assim-assim

Chegou a minha encomenda à loja das prendas de casamento.
Estou com medo de lá ir sozinha...

Cfr., para mais esclarecimentos, os posts de dia 3 de Junho e dia 1 de Setembro.

Horas rubras


Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos rubros e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...

Oiço olaias em flor às gargalhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p'las estradas...

Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...

Sou chama e neve e branca e mist'riosa...
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!


Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

domingo, 4 de outubro de 2009

Estou à janela.
Está uma lua tão bonita.
Ontem também esteve. E anteontem.
Mas hoje não vou contá-la a ninguém.

Vai uma aposta?

Quando era mais novinha, eu costumava usar chapéus, boinas de pala e de pintor, gorros e tudo quanto enfeitasse a cabeça. Quando fui para a faculdade, larguei parte da mania e passei a usar o acessório em causa muito esporadicamente. Fui deixando cada vez mais de lado a ideia e abandonei-a de vez. Há anos que não uso chapéu (salvo, obviamente, na praia e um impermeável nos dias de chuva miudinha). Ora, estava eu a passear com o meu G. pelas ruas de Firenze e topo de frente com uma loja com tudo quanto era chapéu. De noite, lá pelas tantas do escuro, a dita estava fechada. Isto aconteceu no dia da nossa chegada e nós ficaríamos cerca de uma semana. Desde esse momento, não mais R. Maria se calou que queria ir àquela loja e comprar um chapéu. G., rapaz amigo e dado à boa paz, fez-me a vontade como se já não pudesse mais ouvir-me. E fomos. Comprei umas luvas. São moschino... não são umas luvas quaisquer. E porquê? Porque G., desabituado que está de ver-me de outro jeito que não seja com o cabelo a dar espectáculo, teve a lata de me dizer que nenhum dos mil em exposição me ficava a matar. Perante o meu olhar entre a ternura pela sinceridade e a raiva pela... sinceridade, ele disse que um dia, quem sabe, em Portugal, talvez até em Coimbra, eu encontrasse "o meu chapéu". Eu disse-lhe que a coisa se ia dar antes do que ele pensava e que este Inverno o habituaria à força a ver-me gira com aquele adereço. Pois bem... o rapaz não se fiou e avançou com a aposta. Se eu usar chapéu durante dois terços do tempo invernoso desta época, paga-me um jantar onde me apetecer. Convém referir que quero ir jantar a casa dele e já combinei tudo com a mulher, que achou boa ideia (as meninas conversam e ele paga-me a aposta... com jeito ainda se aliciam mais uns amigos e o que era uma dívida passa a ser uma festa). Acontece que G. tem-me perguntado pelo chapéu. E eu, inteligente que é uma coisa nunca vista, tenho-lhe dito que ainda está calor e a aposta não era com coisas em palha. Todavia, abeiram-se as brisas menos amenas e o tempo começa a ser escasso. Esta semana hei-de, finalmente, procurar e encontrar o meu chapéu. Estou indecisa entre preto, cinzento e vermelho.

Questões em torno do clic e da falta dele

Ela insistiu que era perfeito. Ela organizou encontros imediatos. Ela até juntou as fotografias de ambos, virados um para o outro. Eles foram ambos padrinhos de casamento dela. Viraram compadres. Ela insistiu mais um bocadinho que devia ir ajudá-lo com a escolha da gravata. Eu não nego à partida ciências que desconheço mas fui adiantando que ainda agora vai a procissão no adro da igreja e que não me andava a soar a facilidade em clics. E confirmou-se. Se foi querido? Foi. Se tem uma conversa interessante e uma vida cheia de coisas para contar? Tem. Se me trata como se devem tratar as princesas? Trata. Mas... não se deu o clic. Juro que não estava sugestionada com nada e nem fui de armadura com medo de bater outra vez com a cabeça. Simplesmente, não se deu o clic.

Wishlist - continuação


Não quero que digam que eu não vos dou alternativa...
Tudo Moschino: o vestidinho 728 euros e a sandalinha 570.

Wishlist




Ambos Jimmy Choo. Ela 1250 euros, eles só 275.
Vem aí o Natal... e tal...

sábado, 3 de outubro de 2009

P.

A minha P. casou. A minha P. estava linda... e feliz. Despedi-me dela com um "Be happy" e com a convicção que dizer estas coisas às pessoas e desejar-lhes isto do fundo do coração ajuda a que o sonho se concretize. E ser feliz é um sonho. Ser feliz com alguém é um sonho a dobrar. E há sonhos que só podemos desejar que se realizem ou que se realizem. P., minha querida, be happy!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Cartão

Enviei a tese, por correio, a duas pessoas. A minha arguente, do Porto. E um Professor de Lisboa que ainda estou para decifrar como soube da minha existência e que me convidou para dar uma aula num curso que coordena, em Junho. Não sou fã de escrever postais à volta da muita estima, enorme respeito e tamanha consideração. Cansa-me falar na admiração e apostar em coisas fatelas. Eu sou muito do "com um xi-coração", "uma beijoca repenicada", "toda a amizade do Mundo porque és especial para mim", "gosto de ti" e "obrigada por existires". Mas esforcei-me. Já tinha alguma estaleca na coisa por causa dos eminentes da Casa... e tentei comportar-me decentemente nos cartões aos senhores. Mas a ela só me faltou dizer "porque foste uma kika e gostei tantissimi di ti" e a ele (nunca o vi...) ter desbaratado em "gostei tanto que te tivesses lembrado de mim(*), pessoa importante. Já sou tua fã e estou aqui para o que precisares, amigo. Quando vieres cá, diz-me só, preferes café ou chá?".
Mas...
hoje recebi o postal dela e quase chorei. Fala em boas pessoas e gente que deixa gratas impressões, acaba com a disponibilidade dos amigos e fez-me andar contente o resto da tarde.
Dele ainda não há novas nem recados. Temo que ande a estudar a maneira de me dizer "ah e tal... o curso foi cancelado!".
(*) ou concordado com a sugestão do meu nome (ainda averiguo isso...)

Médico de família

- De si, minha querida, diz-se "não ter para dar".
- Desculpe?
- Sangue.
- Como?
- Está com uma anemia sem tamanho. Agradeço-lhe que não se ponha a dar sangue.
- Sim. Está bem. Mas... eu pensava que tinha colesterol... Todos os meus amigos têm (ao género... "e eu também quero").
- Pois, mas o seu sangue é dos que se se atirar a uma parede não cola. Escorre.
- Ah...

Meeedooooo!!!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Agudos e graves


Acordo Ortográfico: Linguista prevê que escrita comum leve mais 20 anos - Expresso.pt

"Malaca Casteleiro critica os atrasos de Portugal na aplicação do Acordo Ortográfico, nomeadamente a falta de iniciativas ao nível do Ministério da Educação".


Por mim, bem podem sentar-se à espera que tire o acento ao cágado, o c ao facto e o p ao baptizado. Sentem-se e recostem-se convenientemente...

Não te trates, não...

Sou menina para começar a explicar-lhes que a partilha pode ser sob a forma religiosa, católica ou civil; o casamento não está sujeito à colação; reduz-se, por inoficiosidade, o dever de cooperação; e pode estabelecer-se a filiação adoptiva apenas se for para fazer face aos encargos normais da vida familiar!
P.S. Depois de, nos correios, ter dado o n.º do BI para o recibo, cheguei à papelaria e pedi uma capa de acetato e uma caneta de elásticos!

Raiz de orvalho e outros poemas

"...
É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou
..."

"...
Não sei o que te invento
se amo mesmo quando não és

Não sei o que te amo
se te invento como és

Palavras que voltam
se não voltas
Cega-nos a mesmo noite
o mesmo suspiro
de duas mãos entrelaçadas."

"...
por ora
basta-me o arco-íris
em que vos sonho
..."


Mia Couto