segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Conversa um bocadinho private

R. E então? Deixem-me adivinhar. Preto e branco, que dá um ar mais sóbrio, com ligeiros apontamentos tigresse para não se perder o referente.
P. Nããã... O verdadeiro do cortinado transformado em indumentária.
R. Cores?
C. Preto e branco.
R. Eu sabia. Deve ter pensado: com um branco e preto nunca me comprometo.
C. e P. Mas estás preocupada com isso? Ca*a, pá!
R. Não é isso. Sei bem que nunca seria hipótese a ponderar com seriedade, para a vida. Mas pronto... faz-me mal. Não sei explicar (Sei. Revejo-me nas insistências e faço conchinha em forma de "mas o que é que eu fiz, raios partissimi"?!*).
P. Estás gira, hoje!
R. Sim... Como o sol em dias de chuva.
P. Importas-te de não desconversar quando te dizemos que estás gira, porra?!
C. Vamos almoçar.
...
...
...
R. Vou-me embora. Tem de ser.
...
...
...
R. Desculpa insistir... Estava nem que seja só um bocadinho gira?
C. Desculpa?!
R. A sério... Diz lá... Nem que seja só um bocadinho... conseguiu estar gira?
C. Ora bem. Como diz a P., ela é a Romana cá do sítio. Portanto, quanto mais se esforça, mais pirosa fica. E para tu me ouvires dizer que aquela pessoa está bem, ela tem de se submeter a uma operação cosmética geral.
R. De qualquer modo, estou aqui a pensar que me podia ter esforçado mais. Não era dia para enfiar estas calças de ganga, uma camisola, umas botas, um casaco, um chapéu e... ala! Mas não consegui fazer melhor...
C. Acontece que há pessoas que mesmo quando estão em dias não, por mais básicas que se apresentem, estão sempre bem. Tu és assim. Outras, quanto mais mexem, mais estragam. É o caso da tipa.
R. Dizes isso porque és minha amiga.
C. Não! Digo isto porque é verdade.
Conclusão:
ter amigas é uma coisa indispensável. As mulheres podem ser as melhores amigas umas das outras (e então dizem que elas parecem divas mesmo que andem de jeans e sapatilhas), mas também podem ser as piores inimigas umas das outras (e então chamam-se nomes, como Romana ou Ruth Marlene ou Ana Malhoa). Ter amigas é ainda mais importante nos dias em que nos sentimos a Betty Feia cá do Bairro e nos parece que nada anda simplesmente porque somos incapazes de nos tratar um bocadinho mais. Ter amigas é essencial, sobretudo, quando chega a maré da dúvida. Aquela em que se abriram as mãos e se deixou escapar uma onda, mas se sente o mar a vir e a vontade de mergulhar de novo. Ter amigas, assim a sério, é preciso para nos acalmar as dúvidas. Se não somos capazes de dizer o "eu tenho saudades", valha-nos a certeza que estamos em condições de o deixar com ânsias de nos abalar com um "me too". De resto... é ir andando. Caladinhas como na missa. Ou não. Pretextos seguidos de um "e és tu que agora me fazes um bocadinho de falta", para se apagar o que interessa e se dizer só o que é de tom. E esperar, olhos postos na certeza que é tão esperto que o silêncio só pode mesmo justificar-se por andar distraído!
*Ninguém tem culpa, mas a minha fase da iniciativa finou-se. Estou em pulgas pelo "eu também"... mas não me exijam um "eu quero". À primeira. Depois, é outra conversa. Com jeitinho, sou menina para voltar a deixar-me levar...

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