terça-feira, 20 de julho de 2010

Chega o Verão

Começam as minhas consultas no domicílio.

Clientela habitual: emigrantes em França, Luxemburgo, Suíça, Venezuela, Estados Unidos da América e Alemanha.

Questões mais comuns: servidões de passagem, obras clandestinas (normalmente, janelas para o pátio do vizinho, churrasqueiras e piscinas), partilhas em vida e sucessões, divórcios e separações (não há nada escrito, oh menina!), regulações das responsabilidades parentais e intenções de deixar menores a cargo de familiares. Aqui..., basicamente, há de tudo como na farmácia!

Contexto mais normal: Ouviram dizer que o meu carro está parado em casa dos meus pais. Viram logo que se não estava de férias, pelo menos à noitinha havia de parar em casa. Tocam à campainha. Peço que entrem. Sentamo-nos e explicam, com muitos "eu não sei como é que se diz aqui" à mistura. Digo o que sei, estudo o que não sei para dizer mais tarde. Aviamos o recado em nunca mais de meia hora. Passam as restantes duas horas e meia a contar episódios de quando eu era pequena. Vão desde o fatídico dia em que eu e o meu primo Pedro acendemos velas ao menino e pusemos o fogo ao presépio, até aos banhos de rio e a como andava sempre toda esfacelada nos joelhos porque tinha a mania de descer a ladeira que dá para fonte, de bicicleta e sem mãos!!! Às vezes, lembram-se ainda de como fui tida e achada para todo o santo casamento das redondezas, investida que estive durante anos na nobre tarefa de menina das alianças de tudo quanto era noiva, mesmo que não a conhecesse lá muito bem.

Honorários: "Não é nada. Tenha juízo. Boas férias." seguido de uma camioneta de perguntas sobre se não me fazem falta: jogos de toalhas, toalhas de mesa, panos da cozinha (bordados à mão, que ficam que é uma categoria!!!)... Se tenho varanda e se se lá dá toda a raça de flores e plantas, com nomes ditos em estrangeiro e que eu fico sem saber se me dão laranjas ou flores para os vasos... Se gosto de compota de ameixa, tomate e marmelo, se aprecio bolos da páscoa ainda quentinhos cozidos com folha de couve por baixo, se não é verdade que podia perder a cabeça por caramelos da fronteira ou broas caseiras...

Depois de dizer a tudo que não, não vale a pena, não é preciso... a sorrir (acho piada a isto, pronto!), dão-me fortes abraços e beijos na testa, juram que vão rezar para (normalmente) que eu "encontre um homem que me encha os braços" e a seguir sondam o dia em que podem, na praia, pagar-me uma Língua da Sogra ou um geladinho.

Não me canso disto. Farto-me de rir.

3 comentários:

  1. Já ansiava novidades neste teu celébre recanto, estas são sem dúvidas palavras que me fizeram lançar uns risinhos acanhados aqui no local de trabalho!! Soube q iniciaste a época balnear e que marcaram jantarinho do Callas! Até lá vou partir pró sul! Toma-me conta daquela cambada e até ao mega piquenique anual da nossa praia:)) beijinhos

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  2. És uma Santa R., uma Santa...

    As melhoras!

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  3. O.,
    cala-te lá calada, mulher... que isto tem sido uma saga peregrina... Meia hora para descer, meia hora para subir... repetido pelo menos mais umas duas vezes, que tenho esta mania de me dar a vontade de fazer chichi nas piores horas!!! Lembras-te? http://poraquipasseimesmoeu.blogspot.com/2009/05/dolorosa-criatura-editora.html

    Mas tem sido melhor que ficar em casa...

    Ah... e hoje o teu avô ofereceu-nos uma natinha :) Tão kiko!

    Antes do mega pic-nic, jantar dia 28!

    Beijinhos*

    R.,
    estou a ver que te tenho enganado bem... :)
    Lá Santa é que eu não sou :)
    Beijinho*

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