sexta-feira, 23 de julho de 2010

Julgar alunos

Ontem estive na faculdade. Tinha assumido há muito tempo o compromisso de falar para os miúdos da Universidade de Verão e não quis faltar. Com a mamã de motorista e passinhos lentos, lá cheguei à mais bonita de todas as salas da casa, para falar com os candidatos a sofredores nos bancos daquela escola. Acho que correu bem. Contei a história das batatas fritas. Também disse que um dia já quis ser juíza e que há quem diga que não morro sem chegar a sê-lo, embora eu não esteja muito para aí virada por agora. Penitenciei-me por falar sentada, anunciei que se chegassem a ser meus alunos não seria assim porque nunca me sento... mas estava empenada, talvez castigo por me ter inscrito em doutoramento dois dias depois de defender mestrado, tendo andado os dois anos anteriores a pedir aos amigos que me partissem as duas perninhas se algum dia me passasse pela cabeça meter-me em mais teses... Depois lá falei de coisas sérias, com ar de mete nojo, que a casa tem uma fama a manter e ainda me despedem se deito eu por terra o que os mestres levaram séculos a erguer (Brincadeirinha... Cá beijinho à colega :))
Tudo certo. Palminhas no fim e tudo.
Pois bem...
Passado algum tempo (eu ando devagar), encontro um dos ouvintes, no corredor, a olhar com atenção minuciosa a maquete do Tribunal Universitário que há-de nascer em Coimbra (quando os meus netos forem avós, talvez... Não acredito naqueles projectos. Lamento. Quando entrei para a faculdade já se falava no subterrâneo no D. Dinis e ainda hoje só estaciono bem quando me dão código para entrar no Parque. Quando não dão, normalmente, pago multa... Estou habituada. Até já conheço os senhores da Polícia.). Dizia eu... estava o ouvinte futuro aluno, embevecido com o projecto. Repara em mim e pergunta-me: "Oh professora, pode explicar-me o que é isto?". Quando introduzo a minha resposta, refiro que é "O Tribunal Universitário". E sou interrompida. Um ar de pânico, acompanhado por uma gota de suor traiçoeira a correr-lhe pela testa anunciam a sua perplexidade. E é aí que, a medo, questiona: "Para julgar os alunos?". Desato a rir... mas recomponho-me rapidamente. Explico-lhe que os alunos ali só são julgados... nas orais... e faço um ar maléfico (Não... estou a brincar... Expliquei-lhe, despedi-me e fui à minha vida, que tinha o orientador à espera :)).

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