segunda-feira, 12 de julho de 2010

Viram a reportagem?


Provavelmente, muitos dos que me leem terão já passado pela dúvida de um amor. Aqueles instantes em que nem nós sabemos definir o que sentimos. Nunca me aconteceu um amor à primeira vista, por isso, desse não falo. Posso só contar-vos de como me revi nas palavras daquela senhora que, há minutos, dizia que um dia percebeu que ele também se sentia bem com ela por perto. E, tanto, nas daquele outro entrevistado que disse que é preciso ser coerente e não fugir de um sentimento. E que, naturalmente, o amor às vezes nasce. Porque eu também acho que é assim. Que, naturalmente, vamos ficando mais felizes com a hora do encontro, com o recado que nos enviam, com as coincidências interpretadas como sinais. Sem régua ou esquadro, constrói-se uma cumplicidade que não há com mais ninguém, aprende-se a retribuir olhares como se se tratasse de uma longa conversa. Há uma linguagem comum que é feita de tudo menos de verbos e adjectivos e advérbios e nomes e pontuação. Algumas vezes, a história ainda não se nos revelou todinha e já ocupa as conversas dos nossos amigos. Até que há um momento, no meio de um dia qualquer, de uma semana qualquer, de um mês qualquer, de um ano qualquer, que não estava previsto e em que o coração acelera. As mãos suam frio, a voz some-se, há uma tontura ligeira que nos descola os pés do chão e nos põe a dançar no vento mesmo que não nos mexamos. Normalmente, fazemos por seduzir e sai-nos tudo trocado. Uma qualquer conspiração enervante de darmos ar de tótó quando mais precisávamos de dar ares de princesa. Isto, digo eu, que falo só por mim, não nos acontece porque reparámos nos olhos, nas mãos, na barriga, no rabo, nas pernas, nas unhas ou na boca. Isto acontece quando tem de acontecer. E, quando acontece, desconsidera olhos, mãos, barrigas, rabos, pernas, unhas e bocas. É um encantamento inexplicável por uma coisa que não se vê, só se sente. Que não precisa de se enfeitar para se revelar no seu melhor. Que ou há ou não há para nós. E, se há, desconfio, é aí que nasce o amor.

10 comentários:

  1. Oh!

    É tudo mais fácil quando temos um bule e um açucareiro que nos fazem e servem a papinha toda...

    Ou quando ela já se confessou a "ele" pensando que se estava a entregar a Deus...

    Ou quando ela é cega... e resulta no tão famigerado amor cego...

    :p

    Não queria ser eu o anjo da desgraça... mas... O AMOR NÃO EXISTE! (embora ainda possa acontecer...)

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  2. Tenho a dizer-te que não acredito em ti!

    Estás em fase de negação, mas isso passa-te... Não desanimes :)

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  3. Chama-lhe negação... o que quiseres!

    O Amor é uma ilusão, talvez tenhas é de acreditar com muita força...

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  4. Não vamos começar outra discussão, pois não?!
    Ambos sabemos que vai acabar contigo a dizer que só estás a arreliar-me. Isto, claro, porque também acreditas e sabes que existe mas agora não estás para aí virado, o que é que uma pessoa pode fazer?!
    Como diria um amigo meu: "És novo... e isso é solução para tudo." :)

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  5. Só não quero que te iludas...

    Estou determinado a destruir a tua visão romântica do mundo e dar-te a conhecer dias melhores onde o sofrimento pode ser causado por mil e uma razões, mas o amor não será uma delas!!!

    Além disso, apetece-me arreliar-te...

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  6. É impressão minha, ou estás preocupado comigo?!
    Embora, claro, isso não vá muito bem com gostares de me arreliar...
    Estou baralhada :)

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  7. Não é impressão tua, estou preocupado contigo.

    Eu sou um gajo esquisito, deixo as pessoas baralhadas... mas se te servir de consolo, só te arrelio porque estás mais à mão! Não porque goste de te arreliar em particular...

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  8. Primeirus: Obrigada pela preocupação, mas vou bem e recomendo-me.

    Segundus: Estou mais à mão? Quem te ouvir falar... A partir de agora, não te respondo, que é para não achares que me arrelias só porque estou mais à mão!

    Fui!

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  9. ohhhhhhh

    Primeirus: Não era nada disso que queria dizer.
    Queria dizer que não tenho mais a quem arreliar...

    Segundus: Pronto desculpa. Quem acredita no amor sabe que é preciso saber perdoar...

    Terceirus: Se não perdoares também não me preocupo mais contigo...

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  10. Pronto... vá... pára lá de chorar... já passou... tá tudo bem... amigos na mesma :)

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