terça-feira, 16 de novembro de 2010

Casa das teses

Esta noite, sonhei que a TVI organizava um concurso, tipo Big Brother e o actual Casa dos Segredos, mas para gente que tinha uma tese de doutoramento para fazer. Enfiava uns quantos mânfios numa casa durante uns meses e ganhava o que avançasse mais com a tese e não desse, nesse meio tempo, nenhum tiro na veneranda têmpora. Ora bem, toda a gente sabe que os meus sonhos costumam roçar a loucura, mas este até me parece ter perninhas para se pôr ao caminho. A bem dizer, há todo um fenómeno de exasperação que atinge níveis nunca vistos nas fases agudas das teses; uma alminha com uma tese em mãos põe a vida num parênteses, pelo que é pessoa para coboiar sem limites quando, fechado dentro de um sítio, coboiar seja a única maneira de continuar a ter a loja desamparada para continuar a trabalhar; finalmente, temos tendência para um humor negro ou então para uma falta de humor capazes de fazerem concorrência às fitas do Hitchcock. Tenho para mim que o programa seria um sucesso. Toda a malta lutaria por se manter na casa, antevendo a saga de voltar aos dias de trabalhos e afazeres profissionais outros que a impedissem de se dedicar, como eles dizem, 24 sobre 24, à tese. Só não contes com paixões avassaladoras, que nessas fases é mais comer e andar. De qualquer modo, TVI, se me estás a ouvir, pega na ideia que eu deixo. E ainda participo. A mamã e o papá dizem que fico impossível de aturar, pelo que posso ser uma candidata à vitória. Quanto mais ranhosos formos, mais o povo apreciará a nossa prestação. Segundo uma amiga, pelos vistos, há um elemento deste novo concurso que alimenta a frase "a vida é dura para quem é mole". Nós somos os melhores a ser duros. Puxando um bocadinho por nós, podem até esperar pontapés, como o do outro. Ou exposições orais demoradas, em que, a cada três palavras, quatro são asneiras. Se colaborarem com computadores que empanquem e nos fizerem chegar mensagens de pressão dos orientadores, facilmente chegam ao top do ranking televisivo com ameaças em directo de que cortamos os pulsos logo ali. Vão por mim. Sonhei um fenómeno.

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