quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Desafio-te


a ti, pessoa que cá vem só porque sim, porque calhou, porque me conhece é é um dos meus essenciais da vida, porque não tinha mais o que fazer, porque te disseram que aqui se davam chuchas ou porque... a responderes ao desafio: O que é o amor?

Calhou, por acaso, de ver este post da Daniela e lembrar-me de um mail de há uns anos. Em síntese, antes de ter um blog, tinha o hábito irritante de, de quando em vez, mandar mails com desabafos para os amigos. No fundo, sempre me fez confusão perder o rasto às minhas pessoas só porque quilómetros físicos, reais se impunham. A conversa por telefone, a sms, a visita espaçada, e a carta mais ansiada não substituíam ainda a solidez do gesto de dizer "vou ter contigo ao café", "abre a porta que estou em frente à tua casa e não saio daqui sem me contares o que se passa" and so on. Portanto, tudo vale, sempre, para que os meus amigos não me percam, não deixem de saber de mim, não ignorem se estou viva ou nem por isso. O e-mail é só mais um meio para esse fim. O blog, outro, mas que acabou por assumir muito o papel desse registo par e passo dos grandes momentos da minha vida, ou, pelo menos, dos que podem tornar-se públicos.

Transcrevo, abaixo, uma parte de um desses e-mails antigos, em que, afinal, não peço conselho, não avanço respostas a uma consulta sentimental em atraso, não deito apenas conversa fora... Partilho e comento coisas da vida, como teria feito, certamente, naquele dia, se à volta de uma mesa ou num banco de jardim um amigo me tivesse dito "Então e mais? Não tens mais nada para me contar?"

Sem mais delongas, a pergunta que se impõe, a discussão que se espera, parte disto: Para ti, o que é o amor, afinal?!


No dia dos namorados, a minha mãe pediu aos alunos que fizessem um texto com o título 'O que é o Amor?'...
Nesse mesmo dia dos namorados já a minha gripe dava sinais de me querer vencer e já a minha voz começava a ter este tom ultra-sexy que oscila entre o silêncio segredante e uns gemidos a meio das palavras... uma coisa que treinada para teatro não daria tão certo... (Sim... continuo afónica... Quando me ligam... escusam de gritar 'não te ouço' porque isso não vai ajudar em nada... Nem eu me ouço!)
Mas continuando... cheguei eu a casa depois daquele dia dos namorados partilhado ardentemente com o termómetro e com a promiscuidade de me entregar alternadamente a ben-u-rons e brufens... e dei de caras com a minha mãe, instalada no seu puff (quem conhece a casa e convive com a famelga... sabe a famosa história do puff azul), à lareira, com uma molhada de folhas pautadas, A4, na mão, a dizer 'Lê isto e vê se não ficas já com outra cara...'
E eu li... e confesso que fiquei mesmo mais bem disposta...
Acedeu a que eu levasse as obras literárias para partilhar ontem com os mais íntimos... mas a verdade é que entretanto a gripe não me deixou esquecer que o amor pode ser o amor à vida e que era melhor ficar por casa...
Ora bem... porque agora continuo com aquela voz sexy que vos descrevi... não vale a pena levar as obras para vos ler... embora possa levá-las para vos mostrar os desenhos ... lindos também eles...
E então... decidi partilhar convosco algumas das ideias geniais dos alunos da minha mãe sobre 'o que é o amor'...
Têm a inocência das crianças misturada com o que pode ser o profundo conhecimento do que deve ser o verdadeiro amor.
Senão, vejam lá:

'O amor é uma pessoa ficar muito apaixonada e conseguir perdoar.'

'O amor é felicidade, é alegria. No amor só não há tristeza, mas há muita, muita coisa.
Eu já amei duas pessoas da minha família.
Primeiro foi a minha prima Érica.
A outra foi a minha prima Sofia.
Mas a irmã da minha prima Sofia, que é a Daniela, gosta de mim e eu sei isso porque ela nunca pára de andar atrás de mim.
Só que eu amo outra pessoa mas não quero dizer.'

'O amor é uma coisa muito bonita. As pessoas apaixonam-se, casam-se e têm filhos.'

'O amor é quando uma pessoa está triste, chegar e fazer-lhe carinhos.'

'O amor é bom. Andam abraçados uns aos outros e dão beijinhos e abraços. E muito mais à frente casam-se.'

'Eu gosto do amor, mas às vezes passamos por partes difíceis. Mas mesmo assim as pessoas gostam de amar.'

'O amor é quando uma pessoa gosta de outra pessoa. Eu tenho um namorado que se chama Rafael e ele é surdo e eu tenho muita pena dele. Ele vai todos os domingos à missa para tirar o problema que ele tem. Ele não faz quase nenhum disparate porque ele é muito querido.
Nós namoramos desde que nós nascemos e fomos para a creche. Sempre namorámos.'

'O amor é namorar com um rapaz ou uma rapariga. O meu namorado é o Gabriel. Ele é muito simpático, mas às vezes é terrível e mal educado mas eu mesmo assim gosto dele.'

'O amor é muito bom e pode ser de muitas maneiras. Por exemplo, eu tenho muito amor pelos meus pais, depois também há o amor pelos amigos, primos, irmãos, padrinhos, tios, filhos, mas o mais associado a amor é o amor dos namorados. E esse amor dá tanto calor.'

'O amor é dar flores e dar beijinhos e levar ao cinema. O amor é fazer sacrifícios pela namorada e não chatear a cabeça.
O amor é de pequeninos para aí até aos 60 anos. Os pequeninos começam a conhecer-se e a partir dos 5 anos namoram até aos 20. E para aí aos 20 começam a ter filhos. Quando fazem muita idade já é mais raro fazerem filhos, mas são avós. Só que já não dão tantos beijos.'

'O amor é uma preciosidade para os que já têm namorado e o namorado pode dar um anel ou um ramo de flores e pode pedir em casamento e podem ir viver na mesma casa.'

(Excertos dos textos da Sofia, do Gonçalo, da Andreia, do Leonardo, da Tânia, do Gabriel, da Margarida, da Beatriz, da Catarina, do José e da Filipa, com idades entre os 6 e os 10 anos)

3 comentários:

  1. Sim, prometo que também respondo ao desafio... Mas só quando já tiverem respondido todos vocês :)
    Baci*

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  2. Challenge accepted, já diria o Barney. Deixa-me só aquecer a caneta... ;)

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  3. O amor é partilhar aquele último quadradinho de chocolate, aquele chocolate mais preferido, partindo-o em dois e dar a parte maior. =)

    Bj.
    RC.

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