quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Da falta de opção

Escolham... Um, sexo explícito. O outro, escalpes cortados à vista, algures no maior conflito da história da humanidade. Eles: sexo explícito. Bem... espera-se que o meu papel seja um pouco regulador também nestas matérias. Há uma cônjuge a acompanhar as sessões pelo skype e que deposita em pequena R. várias doses de confiança: da cor das unhas da mais velha, aos enredos cinematográficos que servem de boa desculpa para o serão. Portanto, e porque já tinha divagado sobre o verbo furar em latim, achei prudente optar pela guerra. O amor não devia ficar no ar, vá. Que sim. Arrependi-me nos primeiros dez minutos. Muito tiro, mas isso é o menos. Muita cabeça cortada, muita paulada, muita mutilação, muita piadinha de mau gosto dos nazis e dos outros e uma puta de uma confusão com o filme falado em francês e as únicas legendas disponíveis em inglês. Agora... olha... aguenta. Vou dormir. Que não, que não, que não. Bem à vontade 70% do filme vergada sobre mim, com a cabeça nos joelhos e as mãos nos ouvidos. Descalço-me. Estamos em casa, bolas. Nem me atrevo a pôr-lhes as pernas para cima. Não dá tempo. Passo a vida a tapar a cabeça e a ouvi-los prognosticarem daí a quanto tempo poderei respirar e dar melhor jeito ao pescoço. Enfim. Com isto tudo, enfardo uma chávena de chá e amacio a dor de barriga. Fazem-se apostas. Vai na volta e a gaja tem pena dele, o que lhe vale uma colecção de balázios no peito. Suspiro, que era assim uma pontinha de amor. O colega do lado, aka N. de seu nome, remata com a evidência de que as mulheres são umas falsas. Acalma junto com G. quando não me aquenta ou arrefenta que o Pitt vá de vela. Belezas óbvias nunca foram o meu forte. Mais umas cabeças a rolar. Um nunca mais me apanham noutra. Eu agora vou para casa sozinha. Sonho com isto toda a noite, pá. Não há direito. A conversa descamba, pois, para o torto. Que havia opção. Lembro-me que, na descrição de quatro linhas do filme, cinco palavras eram bed e havia para aí uns três equivalentes de fuck mas em chique. Defendo-me que não, não havia opção. Afinal, também iria para casa sozinha. Uma pessoa não controla os sonhos... enfim... deixo à vossa consideração o resto. Concluem que sou uma tarada com ar de menina. Depois levanto-me e doem-me as cruzes. Era fogo de vista. Estou arrumada. Para a semana vemos a Cinderela.

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