sábado, 23 de julho de 2011

Brancas

A minha cabeleireira insiste que devia fazer madeixas, que já se veem muitas brancas, que sou tão nova, que mimimi. Já dei para esse peditório. Não digo que não volte a dar, mas, neste momento, nada me parece mais adequado que deixar o cabelo viver como lhe apetece. Por isso, permito-lhe encaracolar-se cada vez mais, hidrato com a mesma paciência (pouca) os fios castanho escuro e os brancos. Deixei de contar os brancos. E de me preocupar muito com eles. Descobri uma ruga de expressão. Fiquei contente. É daquelas que se ganham quando se sorri. Dá-me alento para quando me apetece menos sorrir. Descubro nela que tudo passa, que o tempo cura muitas coisas, que o tempo só precisa de tempo, que no fim acaba tudo bem, que se ainda não está bem, ainda não acabou. Não me apetece ser loira. Nem mais morena. Nem ruiva. Apetece-me ser eu. Mais nada. Mais ninguém.

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