domingo, 10 de julho de 2011

Diz-me o que fizeste no Verão passado

No Verão passado, conheci o R. O R, não tendo sido um conhecimento provável, foi um conhecimento importante na minha vida. Já o disse. Em tempos, no tempo que julguei mais certo, disse-lho a ele. Não namorei com o R, não andei com o R e tão pouco me tornei amiga do R. O R saiu, por isso, da minha vida como entrou. Sem mossas de maior. A bem dizer, o R, ali a determinada altura, foi empurrado para fora da minha vida. Isso mesmo. Empurrado. Mas era preciso conservar a serenidade de que as mossas não se agigantariam. O R, dizia eu, foi importante. E porquê?! O R foi importante porque me dedicou atenções que poucas pessoas até hoje me dedicaram, porque, lentamente, com jeitinho, se acomodou nos meus dias durante semanas, porque me fez sorrir à toa e acreditar quando eu achava que não havia mundo para lá do que me tinha escapado por entre os dedos. O R foi paciente. E persistente. A determinada altura, baixei a guarda. Lá muito para diante. Mas eu acreditava que as pessoas que dedicavam aquelas atenções mereciam muito que baixássemos a guarda. E descrevi-me com os medos todos de quem tinha o coração feito num oito. O R não fugiu. Ficou. E isso fez dele alguém que queria muito manter na minha vida. Até que um dia o R já não queria ser essa pessoa importante e cometeu o enorme erro de tentar convencer-me que tudo não tinha passado de uma coisa igual a tantas outras. O R provavelmente não sabe, nem nunca saberá, mas foi nesse dia que eu percebi o quão importante ele já era. É que eu não fiquei chateada. Não. Eu fiquei triste. E há poucas pessoas suficientemente importantes para mim para me largarem da mão e com isso deixar-me triste. Ainda assim, continuei a acreditar que o desvelo com que uma pessoa nos trata é uma bússola constante do que nos quer bem. Por isso é que hoje concluo que me dou muito menos valor do que aquele que tenho na realidade. Sou, só pode, uma tipa fantástica. Têm-se cruzado comigo na vida pessoas que me têm tratado tão bem, mas tão bem, mas tão bem... e que não querem nada que as guarde comigo... que aquela é uma conclusão óbvia. Não mais falei com o R. Não sei dele. A bem dizer, também não é coisa que me tire o sono. Espero sinceramente que esteja bem. Talvez a vida tenha dado uma volta de 180 graus e tenha acabado em tempo a sua empreitada, casado e tido meninos entretanto. Quem sabe não mora numa casa com jardim e por lá não corram cães aos domingos de manhã?! O R gosta de cães. Não me lembro do R muitas vezes. Mas lembro-me algumas. Não porque tenha ficado alguma coisa por dizer. Não. Acho que nos desencontrámos em algum furo da vida. Não dei por ele. Se tenho pena?! Não tenho perdido tempo a pensar nisso. Não aconteceu. Paciência. Talvez o R já nem se lembre que um dia passei pela vida dele. Aparentemente, não fez mais por mim do que por qualquer outra tipa que conhecesse em circunstâncias semelhantes. É isso que me faz confusão. As pessoas fazerem tantas coisas, a tantas pessoas. Não bater a bota com a perdigota. Eu lá perco horas a deitar conversa fora com qualquer pessoa?! Nem por sombras. Mas enfim. Adiante. Dizia eu que não me lembro muitas vezes do R, mas que me lembro algumas. Hoje, lembrei-me. E percebi que, de facto, não tendo marcado a vida do tipo, o tipo marcou a minha. Lembrei-me do R quando discutia com os cúmplices do livro as estratégias todas para pôr a avó a falar e a contar histórias. Lembrei-me do R porque, se houve coisa que me fez sentir ser importante para ele foi, sem ter conhecido verdadeiramente a pessoa, ter ficado a conhecer uma parte importante da história do avô dele. Eu gostei do R muito por isso. E por me ter incluído nisso. E, se há coisa em que penso mais vezes é... nesse avô. Se ainda por cá andará. Já não estou triste. Já passou. O R não saberá que escrevi este post, muito provavelmente. Mas fica escrito. Foste importante, pá. E talvez sim, talvez tenha alguma pena que tenhas voado sem tentar perceber como seria se ficasses. Fim.

11 comentários:

  1. Mesmo sem um fim, que acreditamos que seria o mais feliz (ou não...nunca sei...)é muito bonito o que escreveste...não é cliché quando digo que não foste tu que perdeste...

    Beijinhos :)

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  2. gosto tanto deste post, como gosto de sentir que estás ao teu ritmo a ver as coisas boas da vida, para além de quem não dá valor ao que fazem por eles! Quem sabe este verão n surgirá, um X,Y ou Z. que ficará para sp ctg!! Torço por ti sabes disso:)
    Bjs***

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  3. Cátia, ninguém perdeu. Não se trata disso. Beijinhos*

    César, é a vida. Dizia o Henrique Mendes que "a vida é feita de encontros"... eu acrescento que a vida também é feita de desencontros. É pacífico. Faz parte :) Beijinhos*

    Minha O., é cedo, bem sabes que é cedo. Estou em modo concha :) Mas estou bem. A sério. Melhor do que esperava. Foi o porto, só pode :) Beijinhos*

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  4. O R. de certeza que não vai ler. O R. está muito bem. O R. não casou, mas é como se estivesse casado. O R. está longe, esta feliz e merece. O avô do R. não está muito bem...cada dia que passa torna-se uma tortura. O Avô do R. é das pessoas mais formidáveis que conheci até hoje.
    Adorei o post, e admiro-te. Acredita que me ajudas a ultrapassar as dificuldades da vida. Apesar de não me identificar acho que vais perceber que eu sou.
    A.

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  5. A.,
    confesso que agora é que tu me baralhaste, pessoa.
    Vamos por partes:
    - não devo conhecer-te pessoalmente;
    - conhecemos o R;
    o que me leva a pensar que tu poderás ser uma determinada pessoa.
    Mas depois:
    - tens a certeza que o R não lerá o post, o que me faz concluir que és alguém muito próximo dele ainda hoje; e...
    - admiras-me?! e afirmas que eu te ajudo a ultrapassar as dificuldades da vida?!
    Bem... deste um nó à minha cabeça :)
    Não sei quem és, acho eu!
    Entretanto: fico mesmo contente porque o R está bem e fico mesmo triste pelo avô do R.

    Um beijinho (sejas lá tu quem fores :)) e volta sempre :)

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  6. Eu acho que conheço o R. e sei o que é feito dele, como acho que sei quem é a A. e neste momento me sinto como se, inadvertidamente, tivesse acabado de invadir propriedade privada. Creepy!

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  7. ahahahahahahah

    :) Tenho tanto orgulho em ti, minha Raquel :) És tão esperta!

    Beijinhos, querida :)

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  8. Mas mesmo dando cabo de ti, confessa lá, gostas um bocadinho de mim, não gostas?!

    ahahahahah :)

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  9. :)

    Ooooohhh... olha eu quem nem dá para aturar de tão happy :)

    Gosto di ti, too!

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