terça-feira, 2 de agosto de 2011

E assim de repente...

é um dos eleitos. Para sempre.

"... e quando já não tiverem mais nada que dizer ou quando as palavras começarem a ir por um lado e os pensamentos por outro, então se verá se algo poderá suceder que valha a pena recordar quando formos velhos... As esperanças têm esse fado que cumprir, nascer umas das outras, por isso é que, apesar de tantas decepções, ainda não se acabaram no mundo... Aprende, pensava, aprende de uma vez, pedaço de estúpido, portaste-te como um perfeito imbecil, puseste os significados que desejavas em palavras que afinal de contas tinham outros sentidos, e mesmo esses não os conheces nem conhecerás, acreditaste em sorrisos que não passavam de meras e deliberadas contracções musculares... em verdade o mundo está mais que farto de episódios como este, ele esperou e ela faltou, ela esperou e ele não veio... sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras."

José Saramago, As intermitências da morte

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