domingo, 26 de agosto de 2012

Confesso que

também prefiro muito os blogs sempre bem dispostos e bonitos, perfumados com imagens e sons de poesia rara e com textos serenamente inspirados. E confesso que o tempo, devagarinho, me molda no sentido dessa maneira de estar na vida em que se guarda para assolhar na rua apenas o melhor de nós, em que as dores do corpo e da alma e as lágrimas que não são de alegria se lamentam, choram e enxugam em casa. Curiosamente, e olhando bem, percebo que as histórias mais amargas partilhadas com as minhas indiscutíveis pessoas, têm, saudavelmente, passado ao lado do blog, pelo menos para o leitor. Eu sei bem que no dia em que descrevi aquela azáfama natalícia as coisas estavam de um cinza escuro que fazia doer tanto os olhos. Acontece que, na vida, às vezes, nos cruzamos com os equilibristas. Os equilibristas, a bem dizer, variam no espaço e no tempo que nos ocupam. Ora se acomodam deliciosamente numa certeza absoluta de um futuro como nossas pessoas, ora se desmoronam para dentro de nós, como ruínas que enfeiam o coração. Nesses casos, em que o espaço e o tempo que ocupam em mim não me permite chamar-lhes, com um sentimento maduro, minhas pessoas, vazo aqui os melhores sorrisos e as mágoas mais fundas. E há para isto uma razão fácil de entender. Não posso permitir-lhes que me contaminem o oásis impoluto das minhas pessoas absolutas, mas, por outro lado, preciso de os pregar em determinação maior de estar feliz ou para que se me evaporem das dores e da água amarga. Faço-o, repito, cada vez mais, em casa. Enluto-me e reenfeito-me só para mim, capaz de entender a noção radical da intimidade do que é mais de nós, mais de dentro. Mas, que querem, se este blog é, também para isso, um pouco casa, a extensão confortável dos algodões macios, uma prece incontida a esse momento de se ser maior em que nos descalçamos?! Por isso, enfim... 

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