quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Lar, doce lar

Há aquelas pessoas que ficam deprimidas se passam um dia inteiro em casa, sem cheirar o ar da rua. Eu não. Eu adoro ficar em casa. Gosto muito da minha casa, do meu espaço, das minhas coisas, do meu tempo, das minhas rotinas, do meu silêncio, de estar sozinha. Claro que também gosto quando preciso sair, seja para trabalhar, seja para estar com os amigos. Mas gosto que haja equilíbrio bom entre o eu-comigo e o eu-com os outros. Não sei se me entendem. Não gostava de todos os dias sair de madrugada e chegar a casa só para dormir. Posso, com gosto, passar assim uma semana, ou um mês, mas depois gosto que isso se quebre e haja um dia em que posso ficar em casa. A trabalhar em casa. Se puder ficar em casa a ler, a ouvir música ou a deitar biscoitos ao forno, tanto melhor. O que me importa é estar calada. Eu, que amo falar, que falo pelos cotovelos, que tenho o coração na boca, adoro ficar calada, não ter ninguém a fazer-me perguntas, não ter de fazer perguntas a ninguém. Calar-me. Saborear-me a calar. Em casa. Na minha casa. Isto tudo para dizer que o trabalho está a render, que passei o dia de pijama mas a trabalhar como gente grande, e que agora tenho de me levantar daqui, tomar um banho e vestir qualquer coisa. Pior, tenho de ir à rua. Duas horas. E não me apetecia. Não me apetecia falar hoje. Apetecia-me ficar caladinha, aqui em casa, a trabalhar descansadinha, na minha vida, sem ninguém a quem dar contas. Era isso. Mas tenho de ir. Estamos a aprender o passado em alemão e não posso mesmo faltar. 

2 comentários:

  1. Nem mais!
    Também gosto tanto de tempo de qualidade "cá dentro". *

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  2. Podia ter sido eu a escrever este texto. Apenas não descreveria tão bem esta minha necessidade. Gosto tanto de ver que há mais pessoas com esta característica ... gosto de fazer muito no silêncio do meu lar, rodeada das minhas coisas, emersa no meu silêncio. Gosto mesmo.
    Só já não me lembro do passado em alimão. Aliás, não recordo quase nada do alemão aprendido. Devia reaprender. O alimão é língua de futuro bem sei.
    Beijo

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