quinta-feira, 11 de abril de 2013

À Senhora da Asneira

E tem sido isto, desde sábado. Faço o que tenho a fazer de muito, muito urgente, de imediato, de para ontem, para anteontem, enfim. Acabo lá pela meia noite. Pego então num dos montes de fotocópias e livros que brotam do chão da minha sala e ponho-me a introduzir títulos na bibliografia, a furar folhas, a separar artigos e livros, a escolher o que vale a pena mandar encadernar e o que pode ir para pastas, a ordenar os títulos por nacionalidade, depois por ordem alfabética e, quando se trata do mesmo autor, por data. São dias à Senhora da Asneira. Não leio uma linha. Não acrescento nada ao que ainda não sei. Nada. Rien de rien. Só ganho dores nos pulsos de tanto agrafo e furo, dores de costas de ir às lágrimas e a sensação estranha que um dia destes, para entrar um livro nesta casa, eu tenho de ir para a rua. 

2 comentários:

  1. Reconheço-me nesses dias, mas depois compensa :)

    A fórmula: entra um livro se algo ou alguém sair de casa também já foi o páo nosso de cada dia. Voltará a ser quando regressarmos à base e pudermos reunir todas as nossas coisas que andam dispersas desde o incêndio e subtituir as irrecuperáveis...
    beijinho

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  2. Já passei pelo mesmo... é mesmo assim!
    Estive dois meses em Berlim encafuada em bibliotecas e fui enviando pacotes de fotocópias pelo correio. Quando regressei, com as malas cheias de livros, artigos, etc, levei perto de duas semanas para arquivar e organizar tudo. Parece que ainda sinto os cortes do papel nas mãos. Mas depois passa. E não são dias perdidos, vais ver que ter tudo bem organizado é meio caminho para aligeirar as leituras...
    Boa sorte e um beijinho,
    Marta

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