sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Vamos lá falar de coadopção

É notícia de última hora no Público. Publicada às 12h17m de hoje, a notícia dá conta da aprovação do referendo sobre a coadopção, com os votos a favor do PSD e a abstenção do CDS. Basicamente, com a conivência dos partidos do Governo. Ora vamos lá por partes. Já disse muitas vezes, aqui e noutros sítios, que, se quisermos, juridicamente, levar a questão às últimas consequências, acho que, neste momento, não é constitucional vedar sequer a adopção por casais homossexuais. Não vou maçar-vos com argumentos sobre isso, porque não é isso que está, por enquanto, em causa, mas fica a dica. O que está, neste momento, aprovado referendar é, porém, uma coisa diferente. E eu acho que convém esclarecer as pessoas, todas, porque são as pessoas, todas, que me parecem um bocado desinformadas, que vão ser chamadas a votar no referendo peregrino. Ora bem, a coadopção distingue-se da adopção sobretudo pelo facto de a criança JÁ ESTAR a conviver com os dois pais ou as duas mães. Ahhhhh. Espantemo-nos todos. Querem lá ver que já há disto e ninguém sabia?! Pessoas do meu coração, o que mais há para aí são crianças a viver com dois pais ou duas mães, embora, juridicamente, a sua situação não espelhe a sua realidade de facto. A adopção singular é possível para homossexuais. Os homossexuais adoptam. Ora, não há lei nenhuma (nem podia haver, não se ponham com ideias tristes...) que proíba os homossexuais que adoptaram de, depois disso, se unirem de facto ou até casarem. Vai daí, e porque ser homossexual não é ser mau (estamos entendidos), estas pessoas não escolhem casar e deitar fora o filho. Não. Estas pessoas integram no seu agregado um elemento novo sem, contudo, bem é de ver, se "desfazerem" do que já lá estava. E assim passam todos a viver em família, alegres e contentes uns dias e ruins de aturar nos outros, como qualquer outra família. Pode também acontecer que determinada pessoa seja homossexual e tenha um filho biológico e que seja este filho, já não adoptado, mas biológico (só seu, naturalmente), a estar naquela situação, ou seja, a viver, todos os dias, com o seu pai, ou a sua mãe, e com a mulher/companheira ou o marido/companheiro daquela/e. O que a coadopção permite é dar estatuto jurídico a uma relação que de facto já está consolidada. No fundo, a coadopção não vai descobrir a alternativa à roda ou oferecer qualquer novidade desconhecida até agora da sociedade. Não é nada disso. A coadopção vai, por miúdos, pôr no papel o que está aí a acontecer na vida das pessoas. Dá para entender?! É preciso um desenho?! Pronto... Então, expliquem-me, como se eu fosse muito burra, que há dias em que até acho que sou, mas hoje, por acaso, até estou a achar que escapo à qualificação, para que é que é preciso e que sentido tem este referendo?! Quem não sabe decidir não pode saber mandar, de facto. Eles não sabem mandar. Há muito que devíamos desconfiar que também não deviam saber decidir. É uma tristeza, honestamente. 

2 comentários:

  1. Deixo aqui o meu agradecimento pela explicação porque de facto me parece que não estava devidamente informada em relação a este assunto.

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  2. Uma cambada de cobardes é o que temos sentada no Poder no nosso país, aproveitam-se deste "acto democrático de fantochada" a que chamam referendo para jogar a batata quente para o povo (que é conservador como sabemos) e que provavelmente nem entende ao que vai votar. Ai, revolvem-se-me as entranhas.

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