quinta-feira, 10 de julho de 2014

É (quase) sempre a minha voz da razão

Adiámos Nova Iorque a custo, a muito custo, deixámos Roma para Dezembro, altura em que a coisa ou se deu, ou já tivemos de lhe perder o sentido, engonhamos de cada vez que alguém fala em férias. Andamos estoirados. Assim mesmo a dar o cu aos cães, como se diz na minha terra, de tão exaustos, de tão cheios de sono e dores de cabeça e costas e pernas e tudo. Apetece-nos é deitar e dormir uns três dias seguidos. Sem comer, sem beber, sem falar, sem nada. Apetece-nos parar e arrumar na cabeça a ideia boa de que as coisas podem (e vão mesmo) ter de esperar que nos sintamos recompostos. Ao fim de semana, planeamos mil e uma coisas e acabamos quase sempre a meter acções (ele) e a corrigir provas ou a escrever arguições de mestrado (eu). Vamos para cama cedo. Abrimos os livros cheios de ganas, mas estamos é apenas a ver quem é que o fecha primeiro para lhe seguir o caminho. Estamos, basicamente, mais para lá do que para cá. Fartinhos de calor e de trabalho ao calor. Por isso, hoje, matreira, sedutora, acenei-lhe com quatro dias em Amesterdão. Sabia que o plano era arriscado, mas não resisti. Ele, certamente numa voz sumida de quem trabalhou a sério muitas horas deste dia que já vai longo, disse-me só "Temos a tese... Tens de acabar a tese...". Até me dói o peito só de pensar na razão toda do lado deste homem, até se me aperta o nó na garganta de ver os prazos minguarem e eu prensada ali no meio a clamar por férias... e a vê-las passar... sem mim. Quando um amigo voz disser que quer ser académico e que não se importa de ter de fazer um doutoramento, mandem-no falar comigo. Eu tiro-lhe essas manias. 

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