quinta-feira, 24 de julho de 2014

Fiz a prova dos professores

E passei. Quem nos ouvir falar disto, há-de legitimamente pensar que não temos mais o que fazer ao tempo, mas a verdade é que gostamos de desafios e somos um bocado doidos. Ontem, já perto das oito, quando cada um acalmou o ritmo para jantar e depois voltar ao trabalho, dessa feita já em casa, na secretária mas de pés descalços, soube pelo meu rapaz que o Público tinha disponibilizado a prova dos professores. Resolvemos imprimi-la e fazê-la, cada um na sua cidade. Demorámos uma hora, ambos cheios de interrupções (ele ainda atendeu um cliente pelo meio e eu ainda marquei orais e respondi a três mails de dúvidas... ah... e comi um pêssego!). E passámos ambos. Falo por mim. Tive cinco erradas, sendo que contesto o resultado de duas. Uma em que era para contar estações e eu acho que se deviam contar a de partida e a de destino e os critérios de correcção só contam as intermédias, e outra em que era preciso encontrar sinónimos para um provérbio e eu tenho para mim que a minha solução é que está certa. Mas pronto, supondo que eu era uma das professoras avaliadas mas que não me queria dar ao trabalho de impugnar os critérios porque me apetecia era ir para férias, ficava com 87,5%. Feito o exame numa hora, quando o dito estava pensado para ser acabado em duas. Ou seja, sendo por demais conhecido que não sou um génio, fica claro que a prova dos professores é uma grandessíssima tanga. E explico porquê. Em primeiro lugar, porque é uma prova de raciocínio, de lógica e não de cultura geral, sequer. Ou seja, é uma prova para ser feita por qualquer alma com dois dedos de testa e que já saiba ler, interpretar e fazer contas simples. Assim sendo, é uma prova que não pode achar-se útil para alguém que já concluiu um curso superior, porque algo andará muuuuuiiiiito, mas mesmo muito mal quando um professor chumbar. Significa, notem, não que a prova é útil, mas tão só e apenas que alguma universidade deste país fez muito mal, mesmo, mesmo, mesmo muito mal o seu serviço, porque permitiu que uma nódoa se licenciasse. Em segundo lugar, porque, sendo uma prova de raciocínio, não avalia aquilo que eu acho que pode legitimar uma avaliação no acesso à carreira docente: a aptidão pedagógica. Os conhecimentos são avaliados ao longo de uma licenciatura. Mas a aptidão pedagógica, não. E o que mais há para aí é gente que até pode ter a prova muito bem cotada, mas que é tão bom a dar aulas como eu a matar frangos. Ou seja, esta prova não avalia coisíssima nenhuma que seja de utilidade para saber se determinada criatura pode ou não ser professor. Acho eu. E, também por isso, a prova é, na minha opinião, um enorme disparate. Mas enfim... isto sou eu que digo. 

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