quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Erros ortográficos

Depois de Crato vir a público dar conta dos números miseráveis de professores com domínio da língua portuguesa, não tenho conseguido deixar de olhar ainda mais criticamente para os erros dos exames que tenho em cima da mesa. Continuo a achar que o exame dos professores não devia existir e não avalia o que, em rigor, tem de ser avaliado. Apesar disso, e porque continuo do lado dos professores, acho que darmos o flanco confundindo o há com o à e construindo frases com uma sintaxe desprezível nos fica mal. A partir do momento em que escrevo assim, e, pior, penso que não é grave, dou azo a todo o tipo de aproveitamento político dos exames que me fizerem. Porque é verdade que só posso sentir vergonha de um país em que tanta gente prestes a licenciar-se, muito cheia de si, até, continua a escrever "concentimento", "impotação", "requesitos", "como vem na norma que encontrasse no art...", "adquação" e por aí fora. Conto pelos dedos de uma mão, e sobram-me dedos, os exames em que se escreve sem erros e em que as frases fazem algum sentido. Ouvir o ministro pôs-me, por causa disso, perante uma evidência inultrapassável: sou conivente com isto. Ando há anos a ser conivente com isto, a mandar para a rua gente que não sabe escrever e que, porque sim, vai passando, por entre os pingos da chuva, até chegar a fazer peças processuais com erros. Sinto-me, estou quase certa, como hoje se sentirão os professores dos actuais professores que escreveram com erros ortográficos e de sintaxe na prova. Sinto-me uma incapaz. E estou infeliz. Ninguém duvida que não escrever bem devia ser factor automático de eliminação de uma pessoa que vai ganhar a vida a escrever, certo?! É o mesmo que não correr e querer ser maratonista. Ou não costurar e apresentar-se como modista. Acontece que andamos todos a fechar os olhos à asneira, a ver cuspir na língua portuguesa, a aceitar que a malta nova agora é assim... e a deixar que apareçam professores e demais Drs. a precisar, isso sim, de voltar ao tempo em que, por cada erro, se descontava e bem. Estou absolutamente intolerante ao erro e, cá por mim, metade desta gente chumbava e só me aparecia à frente quando soubesse escrever. É isto.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Pequena R. pergunta ao leitor

Ando com uma dúvida aqui a moer-me há dias. Tenho andado a ver se a esclareço e por isso não me coíbo de ir perguntando a meio mundo sobre o assunto. Assim sendo, cá vai.

Ditam as regras da boa educação que um cavalheiro deve, sempre, dar a direita à sua senhora. Ou melhor, à senhora, sua ou dos outros. Pois bem, tenho sorte porque convivo com muitos cavalheiros e por isso já vi que a coisa lhes sai naturalmente. Ora, sendo assim, para a coisa ser bem feita, quando estamos com a cara metade, por exemplo, de mão dada, devemos estar a dar-lhe a nossa mão esquerda, enquanto ele nos dá a sua mão direita e, por via disso, toda a sua direita. Ocorre, no entanto, que, cá por casa, nos deitamos na posição inversa. Ou seja, imaginando que estamos ambos de barriga para cima, se dermos as mãos, eu dou-lhe a mão direita. Consequentemente, ele terá de dar-me a mão esquerda dele, o que significa, a sua esquerda. Pus a cabeça a pensar (eu às vezes inquieto-me com questões estranhas) e verifiquei que vimos de famílias onde os casais dormem assim: quando deitados de barriga para cima, as mulheres à esquerda, os homens à direita. Perguntei aos amigos, e toda a malta dorme assim. Rebobinei e, nos hotéis, dormimos assim. Vai daí, preciso saber: como dormem os leitores cá do estaminé (partindo do princípio que durmam acompanhados)? Porque será que, a dormir, invertemos o raio da etiqueta toda?! Ando em ânsias... 

Sobre a vergonha alheia

Acho que um dos piores sentimentos que podemos ter relativamente a alguém é o sentimento de vergonha alheia. Aquele misto de comiseração e repúdio que nos faz desviar da cena, de mansinho, procurando que não nos confundam com ela. Uma espécie de paternalismo travestido de sensação de ridículo. Este fim de semana, senti isso relativamente a todos aqueles que se puseram aos berros em frente ao Estabelecimento Prisional de Évora. Carneiradas fazem-me espécie, como se abafassem a réstiazinha de originalidade que podemos manter no mundo de centrifugação acelerada que é este, o nosso, em pleno século XXI. Esta, no entanto, fez-me mais que espécie... fez-me sentir vergonha alheia. Não tenho rigorosamente nada (nem, aliás, tinha de ter) contra quem acredita no 44. E, por causa disso, acho lindamente que os amigos lhe prestem solidariedade. Escusam, no entanto, é de o fazer à conta daquele ridículo, estropiando a credibilidade da investigação judicial e a nota mental do Grândola, Vila Morena. Não é triste ficar do lado do 44, é triste, em nome disso, montar um circo em frente a uma prisão e dar combustível às novelas dos canais noticiosos mais sensacionalistas. Já aqui disse uma vez e digo novamente: não acho nada que os amigos se vejam no hospital e na prisão. Acho que o miserabilismo convida muito mais gente a entrar-nos casa dentro que o sucesso. Por isso, custa-me, honestamente, a crer que alguém leve a sério a tenda armada em Évora este fim de semana. Faz-me lembrar o Isaltino e as eleições. Ou a Fátima Felgueiras e as entrevistas no Brasil. E isso, enfim, nunca é um bom sinal.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Dos pormaiores

Relatava-me a L. que o homem que estava a conhecer a convidou para um fim de semana fora. Levou-a para casa da mãe, que tinha ido passar o fim de semana com a avó, à terra. Era um quarto andar sem elevador e a L. alombou com a mala escadas acima. Ele ia à frente, com as mãos ocupadas a indicarem o caminho. Passaram o fim de semana a cumprir um plano escrupuloso do rapaz, que até tinha agendado ir à bola. No domingo à tarde, antes de a ir pôr ao comboio, que vir de Lisboa a Coimbra cansa, ela pediu-lhe que parassem para comprar pão para o dia seguinte, pois chegaria já noite dentro ao destino. Ele bufou e sugeriu-lhe que no dia seguinte tomasse o pequeno almoço fora, para não desviarem caminho. A L. ainda me pergunta o que acho eu. Eu acho que é um bruto. E um calhau com olhos. E coisas assim. Enfim!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Curiosidades do Mundo lá fora!

Em algumas comunidades africanas, nomeadamente angolanas, o representante legal máximo dos incapazes é o tio materno das crianças. Numa situação em que seja necessário prestar um consentimento em vez e por causa da criança, esse consentimento não é prestado pelos pais, mas pelo tio materno. A explicação é simples: a certeza dos genes versus a mera presunção de paternidade. Ao que parece, circula um provérbio antigo entre os povos: Os filhos da minha filha, meus netos são. Os filhos do meu filho, são, ou não. E é isto. Tomam-nos por rameironas com uma facilidade inacreditável!

Ouvido por aí... um conselho precioso!

Não te drogues.
Se te drogares, não te injectes.
Se te injectares, não uses a seringa do teu amigo.


Chama-se "contenção de riscos"!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Da vida... a espantar-nos

Hoje, debaixo de uma chuva miúda e fungando de um nariz ranhoso, vinha eu muito agasalhada com uma capa preta quando a A. se abeirou, confundindo-me a capa com uma toga. A impaciência com que me pediu ajuda fez-me deixar de lado explicações sobre isso de ter a inscrição suspensa e não fazer da advocacia vida já há uns anos. Nem quando, aos seus queixumes, imperturbável, sugeri o apoio judiciário, a A., nobre, se exaltou. Explicou-me a vagar que vai a tribunal na quarta feira que vem. Que desde Agosto que não vê a filha. Que a criou o melhor que pôde durante nove anos. Mas que voltou a consumir. E que a vida se virou do avesso outra vez. Que só quer, "oh doutora", ver a menina. Nem que seja com mais gente ao pé. Mas vê-la. Promete não ir para lá a cair. Por favor. Ouvi a história e disse o que tinha a dizer. Enfiei-me no carro e revi o vídeo gravado hoje de manhã. Uma pessoa estuda sobre a limitação, sobre a inibição, sobre os pais e os filhos apartados, e vai a vida e põe-nos a A. assim à frente. Como um caso prático. Tão triste. 

Uma espécie de mantra

Adoçar. Amansar. Apaziguar. Amar.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Meia dúzia

Este blog fez meia dúzia de anos há oito dias. Estamos a viver a crise da meia dúzia, mas prometemos ser breves. Obrigada por estarem desse lado. Têm sido uns companheiros fantásticos de aventura.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Chegou hoje


e já é um rico companheiro de jornada dentro deste frigorífico onde trabalho!

Charlie


Há alturas em que temo pela vida do Bruno Nogueira...

A lata

É comum fazerem perguntas que não lembram a ninguém, mas pararem-me, no meio da rua, para saberem, a tempo do exame, se descriminalização é com e ou com i(discriminalização), já é demais!

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Voltei


É ver se voltamos à normalidade dos dias...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

2015

Sem balanços, sem promessas...
Pouco me lembro de 2014 até Setembro... Foi aí que tudo se precipitou...
Levada ao limite por uma tese de doutoramento, fui absorvendo as notícias que me iam chegando e reposicionando a tese. Cheguei ao fim demasiado cansada para me desesperar dias a fio e com o meu coração tão apertado que o pensamento se organizou para não me apoquentar com miudezas. Era preciso acabá-la e foi isso que fiz... Sobrou a preocupação maior... que trago para o novo ano... Por isso, em 2015, quero mesmo é boas notícias e a vida outra vez a ser mais leve...
Feliz 2015, pessoas!